Os índios fulniô de Águas Belas (301 km de Recife), que cultivam plantas medicinais para consumo em suas aldeias, profissionalizaram a prática milenar e inauguraram uma oficina de manipulação dessas plantas.
A ação é custeada pelo projeto Vigisus 2, parceria entre a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e o Banco Mundial. O objetivo é melhorar a saúde indígena e o saneamento em comunidades remanescentes de quilombos. O investimento é de R$ 460 mil.
Cerca de 3.500 índios que vivem na aldeia serão beneficiados pela distribuição gratuita dos medicamentos fitoterápicos que passam a ser produzidos no local.
A oficina foi inaugurada no último dia 5. Dez índios trabalham supervisionados pela farmacêutica responsável e por um botânico.
Comercializar
Inicialmente, a produção da oficina de manipulação não será comercializada. Mas, de acordo com a coordenadora de assistência farmacêutica da Funasa em Pernambuco, Mônica dos Santos, a idéia é começar a vender os remédios no prazo de até um ano e transformar a oficina em um projeto auto-sustentável.
Para o coordenador do projeto, Xicê Fulniô, o ponto mais importante da iniciativa é fortalecer e divulgar a cultura indígena, além de ajudar a preservar a saúde dos moradores da aldeia.
"Aprendemos as técnicas com os mais velhos, que aprenderam com os antepassados. Não há muita doença na aldeia. Tem gente com 80 anos que tem boa saúde porque usa as plantas", disse.
As plantas -folhas, raízes e cascas de árvores- são coletadas na aldeia do Ouricuri e na serra Comunaty, áreas de dois hectares que pertencem à reserva indígena.
São produzidos xaropes, pomadas, chás e sabonetes para cuidados básicos de saúde e prevenção de doenças.
De acordo com o coordenador Xicê Fulniô, há plantas específicas para a realização de tratamento de diabetes, obesidade, ansiedade, infecções de pele, gastrite, úlcera e até impotência sexual.
(Por Renata Baptisa, Agência Folha, 01/07/2007)