A capital paulista tem hoje 19 obras em andamento e nenhuma delas fará o seu carro andar mais rápido. O objetivo, neste caso, é justamente fazer parar, respirar e dar um tempo no corre-corre. Quem sabe reduzir o calor, trocar o cinza pelo verde e amainar as tempestades que estão mais fortes por conta do excesso de concreto. Todas elas são de parques e abrirão espaço entre as quadras da cidade. Em maioria, não espere deles grandes áreas de lagos naturais com pedalinhos. Mas sim um recanto gostoso onde é possível passear com as crianças, caminhar um pouco ou ler um livro com uma certa brisa roçando o rosto.
São Paulo precisa de área verde. São 15 mil metros quadrados de parques hoje, mas quase metade da cidade (48%) não tem vegetação de qualquer tipo. Com os 19 previstos serão mais 14,3 milhões, dobrando praticamente a área.
No sábado (30/06), a Prefeitura lançou um guia com todos os 33 parques da cidade.
Alguns parques devem nascer em áreas nobres, como o Parque do Sumidouro, que deve ocupar um terreno atrás da Subprefeitura de Pinheiros, hoje em poder da Cetesb, a empresa de saneamento do estado; ou o Parque Paulista, onde está sendo negociado um terreno do antigo banco Banerj no número 183. Nos dois casos, melhor parque do que prédio para ajudar a desafogar a cidade.
São áreas verdes modernas: pequenas, porém, com a intenção de tornar um, mais um, mais um e, por final, fazer diferença . Serão assim vários outros em curso, como o Parque Cordeiro, na Avenida Vicente Rao, em Santo Amaro, ou o Parque Dom Evaristo Arns, em Ermelino Matarazzo.
Mas há também espaços mais amplos, como o Parque do Rodeio, na Cidade Tiradentes, que ocupará uma área de 613 mil m2. Para se ter uma base de comparação, o Parque Cordeiro terá 31 mil m2 e o Boa Vista, que também nascerá em Santo Amaro, na zona sul, não passará de 46 mil m2
Em várias partes da cidade há escassez de terrenos. Por isso, temos de pensar nos pequenos jardins, para as comunidades dos bairros - explica Neves.
Outra novidade para os paulistanos serão os parques lineares, os que devem nascer à beira de córregos. A função deles será a de ocupar as áreas do entorno para evitar a degradação e permitir a recuperação das águas poluídas. Na zona leste, por exemplo, serão 3 km à beira do Córrego Itaim, no Itaim Paulista. Ao longo do Rodoanel, que vai atravessar uma área importante de Mata Atlântica para ligar rodovias à Imigrantes e Anchieta, que levam à Baixada Santista e ao Porto de Santos, serão preservados quatro núcleos verdes, espécies de bolsões de verde interligados por uma faixa de 300 metros que interligará uns aos outros.
São Paulo sempre optou por canalizar seus córregos e fazer avenidas sobre eles, mas as enchentes que se espalham pela cidade indicam que é preciso buscar alternativas.
(O Globo, 01/07/2007)