O temor de uma oferta de gasolina restrita durante o atual verão no hemisfério norte voltou a dominar os mercados mundiais de petróleo na semana passada, quando foi anunciada uma queda inesperada no nível das reservas do combustível nos Estados Unidos, maior consumidor do mundo.
Em conseqüência, o preço do Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve, de referência para os EUA) disparou e superou na quarta-feira (27/06) os US$ 70 pela primeira vez desde setembro de 2006. A cotação fechou a semana a US$ 70,68 por barril na Bolsa Mercantil de Nova York (NYMEX).
O valor está US$ 1,54 acima do fechamento da semana anterior, quando acabou em alta, a US$ 69,14. Já o barril (de 159 litros) do Brent (leve, de referência na Europa) fechou esta semana a US$ 71,41, pouco acima dos US$ 71,18 da sexta-feira anterior.
A cesta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) se manteve estável em sua perspectiva semanal, segundo informou na sexta-feira o secretariado do grupo. A sua cotação média se situou nos US$ 67,58 na quinta-feira, exatamente o mesmo valor da quinta-feira anterior.
Em geral, os preços do petróleo iniciaram a semana com uma clara tendência de baixa, com o fim da greve geral na Nigéria. A paralisação terminou no domingo passado, sem afetar as exportações de petróleo do país, o maior produtor da África. Mas dois fatores apareceram depois e reverteram a tendência de baixa. Assim, as cotações se mantiveram aproximadamente no mesmo nível, próximo ao máximo de 2007.
Um dos elementos de alta foi a decisão dos grupos americanos ConocoPhillips e Exxon de rejeitar a proposta de se associar à estatal venezuelana PDVSA para explorar petróleo na Faixa do Orinoco, formando empresas mistas.
Segundo o ministro de Energia venezuelano, Rafael Ramírez, os dois grupos negociam a sua "saída do país". Eles se negaram a aceitar a lei de nacionalização e os novos convênios operacionais, que exigem que a PDVSA tenha 60% de participação nas empresas mistas.
A Venezuela, país-membro da Opep, é o quinto maior exportador de petróleo do mundo e o quarto maior fornecedor dos Estados Unidos, o maior consumidor de energia no planeta. O mercado americano é responsável por cerca de 40% do consumo global de gasolina. Assim, a notícia que as empresas norte-americanas deixarão de operar na Venezuela despertaram incerteza.
Um dia depois, o Departamento de Energia dos EUA publicou o seu relatório semanal, surpreendendo o mercado com uma redução das reservas de gasolina em 749 mil barris. Foi a primeira queda em oito semanas, deixando o volume armazenado 4,4% abaixo da média de cinco anos, 4,2% a menos que na semana anterior. A notícia teve um forte impacto sobre os preços, porque os analistas esperavam uma alta das reservas próxima a 1,04 milhão de barris.
Além disso, o relatório mensal do Centre for Global Energy Studies (CGES) previu esta semana que os preços do petróleo subirão se a Opep não aumentar sua oferta. No entanto, os dirigentes do cartel não deram sinais de que podem aumentar a produção.
A Opep decidiu uma redução de 1,7 milhão de barris diários no fim do ano passado. O corte ficará em vigor pelo menos até 11 de setembro, quando os membros da organização deverão se reunir em Viena para revisar a situação do mercado, podendo então reajustar a sua oferta para o último trimestre do ano.
Os preços continuam distantes dos recordes estabelecidos no ano passado, quando as cotações passaram de US$ 78 para o Brent e o WTI, chegando a US$ 72,67 para o barril da Opep. Mas o CGES alertou em seu relatório para o aumento médio de US$ 10 por barril no atual trimestre, em comparação com os primeiros três meses do ano. Foi "o maior aumento trimestral da década", afirmam os analistas do órgão, com sede em Londres.
(Agência Estado, com informações da EFE, 30/06/2007)