Um celular energético, abastecido com energia elétrica solar, será a peça-chave para fazer os carros se movimentarem daqui a 25 anos. Essa é a previsão do engenheiro químico Expedito Parente, pesquisador que concebeu o biodiesel trinta anos atrás. Hoje ele vê a sua invenção como uma tecnologia fundamental na transição da era do petróleo para a era solar – energia que, segundo ele, será predominante no mundo.
Parente compara o desenvolvimento da energia solar com os avanços da informática nos últimos anos. Acredita que, da mesma forma que hoje é possível armazenar enormes quantidades de informações em um cartão do tamanho de uma unha, será possível guardar megawatts de energia em uma bateria do tamanho de um aparelho celular. “A energia elétrica não pesa, então, o dia em que a gente tiver uma bateriazinha que armazene uma grande quantidade de energia, a gente poderá levar no bolso como o celular”, explica. A evolução dos custos e dos preços para se obter essa tecnologia também deve seguir o mesmo caminho dos computadores: a popularização.
O pesquisador afirma que energia solar irá prevalecer por ser uma fonte limpa, inesgotável e de muita eficiência. Além disso, possui um transporte mais fácil e rápido do que o petróleo – cabos ao invés de caminhões. “Daqui a 30 anos vamos mandar energia elétrica solar daqui para Europa por cabos submarinos”, prevê.
Antes disto ocorrer, no entanto, haverá um período de transição: “O biodiesel vai ser um coadjuvante, vai facilitar essa mudança, vai ser um complemento dessa passagem”, entende. Apesar de posicionar o biodiesel como uma solução imediata para o fim do petróleo, Parente está certo de que o combustível continuará coexistindo na era solar. “Todos os ciclos de energia foram assim. Começou-se com a lenha, depois veio o carvão mineral; mas, mesmo usando carvão, a lenha continuou a ser usada. Então chegou o petróleo, e o carvão continuou a ser empregado”, lembra. Ele defende que sempre houve e continuará havendo a predominância de uma fonte sobre as demais. “A energia elétrica solar vai predominar, mas existirão outras formas, como a eólica e outras energias provenientes da biomassa”, conclui.
O pai do biodiesel é também o criador do bioquerosene de avição. O combustível foi idealizado no regime militar e permaneceu secreto até recentemente, quando Parente resolveu anunciá-lo para o mundo. Em 2005, Parente foi premiado na China pelos seus inventos e, no ano passado, fechou um contrato com a Boeing, em parceria com a Nasa, para retomar as pesquisas do bioquerosene. A previsão é de que o combustível passe a ser utilizado nos aviões em dois anos.
Leia a
entrevista exclusiva de Expedito Parente ao CarbonoBrasil.
(Por Sabrina Domingos, Carbono Brasil /
Envolverde, 28/06/2007)