O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, afirmou nesta quinta-feira (28/06), em debate com senadores na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado, que os manifestantes que acamparam nas proximidades das obras do projeto de transposição do Rio São Francisco, iniciadas neste mês de junho, não têm legitimidade para exigir a paralisação do projeto, pois não foram eleitos para governar.
- O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional foi aprovado por maioria esmagadora do povo brasileiro na última eleição do presidente Lula e, assim, o governo Lula tem legitimidade para executar o projeto - declarou Geddel Vieira Lima.
A afirmação foi feita em resposta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que perguntou sobre o diálogo com o bispo Dom Luiz Flávio Cappio - um dos líderes dos manifestantes. Geddel Vieira Lima disse que, logo ao assumir o ministério, há dois meses, telefonou a Dom Luiz Cappio e o convidou para uma conversa no ministério, mas nunca recebeu resposta, "nem um telefonema do bispo".
Na audiência pública, proposta pela presidente da comissão, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), para discutir a política de desenvolvimento regional, o projeto de transposição do São Francisco recebeu apoio dos senadores Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Cícero Lucena (PSDB-PB).
O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) disse não ser contra o projeto, mas a favor de que se faça antes a revitalização do Rio São Francisco. Em resposta, o ministro disse que a revitalização deve ser feita "antes, durante e depois" da transposição. Geddel ressaltou que, durante visita na semana passada à nascente do São Francisco, à Lagoa da Prata e à cidade de Pirapora (MG), de onde seguiu para Bom Jesus da Lapa (BA), testemunhou a necessidade do projeto tornar-se uma ação permanente.
- Navegando pelo Rio São Francisco, de Minas a Bahia vi garrafas de plástico jogadas no rio, bombas retirando água numa vazão maior do que a permitida por lei e outras ações predatórias que combatemos - disse Geddel Vieira Lima.
Depois de ressaltar a importância do projeto, o senador Garibaldi Alves disse que está preocupado com a informação de que, pelas previsões atuais do desenvolvimento das obras, somente daqui a três anos estará pronto o canal norte, que levará água para os sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O canal leste, que beneficiará parte do sertão e as regiões do agreste de Pernambuco e da Paraíba, deverá estar pronto primeiro, disse Garibaldi.
Em alusão ao protesto de Dom Luiz Cappio, que no ano passado fez greve de fome contra o projeto, o senador Cícero Lucena disse que, por falta da água que a transposição levará a vários estados do Nordeste, milhares de pessoas já passaram fome. "Já vi casa onde havia feijão, mas não havia água para cozinhar", ressaltou o parlamentar.
Lucena argumentou que a transposição em nada ameaçará o rio, que deposita 2.800 metros cúbicos de água por segundo no oceano, já que a transposição utilizaráapenas 60 mil metros cúbicos de água por segundo. O senador ressaltou que, apesar de fazer oposição ao governo Lula, apóia esse projeto do governo, pois, como informou, a cidade de Campina Grande, por exemplo, que tem 400 mil habitantes, chegou a fazer racionamento de água e poderá sofrer falta de água se o projeto de transposição não for executado.
- No futuro, vai faltar água inclusive na capital da Paraíba, João Pessoa, se a transposição não for feita - destacou.
(Por Geraldo Sobreira, Agência Senado, 28/06/2007)