A proposta de proibição do comércio do espadarte ou de partes dele foi levada a Cites por representantes dos Estados Unidos e do Quênia e contou com dados de pesquisadores brasileiros. Patrícia Almeida, pesquisadora colaboradora do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT), participou da revisão da proposta, apesar da captura e comércio do espadarte já serem proibidos pelas leis brasileiras desde 2004.
"Essa decisão é um marco para a proteção da espécie, porque agora sua comercialização corresponde a um crime mundial . Uma decisão como essa, incentiva o governo brasileiro a intensificar a fiscalização sobre o comércio ilegal do espadarte", afirma a pesquisadora. A Cites abriu apenas uma exceção quanto ao comércio do espadarte: a Austrália reivindicou a captura de alguns espécimes de espadartes daquele país, para fins de exibição pública e pesquisa.
Espadarte
A costa dos estados do Pará e Amapá são um dos últimos refúgios de grandes populações de espadarte no mundo. O Brasil abriga duas espécies, a Pristis pectinata e a Pristis perotteti . A segunda espécie é a que predomina na costa Norte, havendo desembarques nos municípios litorâneos paraenses, principalmente, em Vigia e Bragança. Uma curiosidade: os espadartes, que apresentam um prolongamento do focinho com dentes conhecido no Pará como "catana", são na verdade um tipo de arraia.
A costa dos estados do Pará e Amapá são um dos últimos refúgios de grandes populações de espadarte no mundo. O Brasil abriga duas espécies, a e a . A segunda espécie é a que predomina na costa Norte, havendo desembarques nos municípios litorâneos paraenses, principalmente, em Vigia e Bragança. Uma curiosidade: os espadartes, que apresentam um prolongamento do focinho com dentes conhecido no Pará como "catana", são na verdade um tipo de arraia.
Segundo Patrícia Almeida, não existe uma pesca direcionada exclusivamente aos espadartes. Sua captura é incidental, ou seja, ocorre durante a pesca de outras espécies. Entretanto, a captura de um espadarte é comemorada: sua "serra" ou "catana" pode valer até mais de mil dólares no mercado internacional. Para a retirada da peça, o espécime é sacrificado.
A serra do espadarte acaba sendo utilizada para vários fins. Os dentes da serra são comercializados para serem usados como esporas em rinhas de briga de galo; a serra como um todo é utilizada também como enfeite ou adorno exótico; e existe ainda a crença de que a serra do "espadarte" cura a asma, o que não possui nenhuma comprovação científica. As barbatanas, assim como a dos tubarões, são exportadas para o oriente onde servem de ingrediente para uma sopa típica. Com menor importância, a carne também é comercializada.
Todas as espécies de espadarte são criticamente ameaçadas de extinção, segundo listas internacionais e regionais, como a Lista de espécies ameaçadas do Pará, divulgada no ano passado. Além de enfrentar riscos devido ao seu comércio ilegal, o Pristis perotteti possui um processo de crescimento e reprodução muito lento, o que agrava a sua sobrevivência.
"As espécies levam de 10 a 30 anos para atingir a maturidade sexual, ou seja, para iniciar a sua reprodução. Atingida essa maturidade, geram no máximo 20 filhotes a cada ano ou provavelmente a cada dois anos", alerta Patrícia Almeida. Para se ter uma idéia da redução da espécie, do total de espadartes que existiam, atualmente calcula-se que só 10% da população original sobrevive.
A pesquisadora aponta que os espadartes ocupam uma importante posição como predadores nos ecossistema marinho e estuarino e que a conscientização dos pescadores e da população, aliada a efetiva fiscalização, são essenciais para a sobrevivência da espécie.
(Por Tiago Araújo, do Museu Goeldi, Envolverde, 28/06/2007)