Um trabalho realizado por técnicos do Conselho Regional de Química e pelo Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal (Ufrgs) quer saber a quantidade, a origem e quais os agrotóxicos que são utilizados, por exemplo, nas culturas de arroz, soja, feijão e hortifrutigranjeiros no Rio Grande do Sul. O levantamento de dados já atingiu 200 localidades em 90 municípios do Estado.
A coordenadora do trabalho e professora de toxicologia da Faculdade de Farmácia, Renata Pereira Linberger, informou que as entrevistas são realizadas com agricultores, proprietários de fazendas, cooperativas e empresas que alugam aviões para a aplicação do produto nas plantações. "Os primeiros dados sobre o trabalho, que envolve a saúde dos trabalhadores, os produtos mais usados e as regiões do Rio Grande do Sul onde as aplicações são mais freqüentes, deverão ser divulgados no mês de agosto."
Segundo Renata, a grande incidência de mortes de trabalhadores rurais que tiveram contato com o produto levou a realização do mapeamento. "Com os dados, poderemos implementar ações para evitar acidentes e perdas de vidas", comentou. O anúncio da pesquisa ocorreu durante o IV Workshop de Analistas de Resíduos de Agrotóxicos do Rio Grande do Sul, realizado na Faculdade de Farmácia. O encontro, que termina amanhã, reúne profissionais de universidades, laboratórios, fundações de pesquisa e indústrias.
O diretor-técnico da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde, Alberto Nicolella, disse que o Centro de Informação Toxicológica (CIT) realizou 23 mil atendimentos em 2006 pelo telefone 0800.7213000. Os casos estão relacionados ao uso de agrotóxicos, medicamentos, drogas, produtos químicos e acidentes com animais peçonhentos. "Muitas vezes o trabalhador não tem o menor cuidado na aplicação do produto", destacou. No ano passado, o CIT registrou 35 mortes e 12 estão relacionadas à manipulação de pesticidas na agricultura.
(JC-RS, 28/06/2007)