O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, afirmou nesta quarta-feira (27/06) que o governo não deixará de realizar as obras de transposição do Rio São Francisco. "A decisão política de fazer a obra é irreversível", frisou ele, em resposta à manifestação que está sendo realizada por movimentos populares e entidades civis, desde a madruga da última terça-feira, em Cabrobó (PE), local onde o Exército já iniciou as obras de transposição do rio.
Ao falar sobre o acampamento de mais de mil manifestantes em Cabrobó, o ministro destacou que já solicitou à Advocacia Geral da União (AGU) as medidas necessárias para a reintegração de posse do local. "A situação no local é tranqüila, as obras não serão atrasadas e eu já enviei interlocutores para conversar com os manifestante", emendou Geddel, após participar de evento na capital com dirigentes da Associação Brasileira da Infra-Estrutura de Indústrias de Base (Abdib).
O ministro da Integração Nacional falou que ninguém esperava que uma obra com este grau de polêmica não tivesse manifestações. Apesar disso, falou que o governo vai fazer cumprir a lei, ou seja, a reintegração de posse e a desocupação da área. "Estamos pronto para continuar dialogando, mas o diálogo não pode ser entendido como renúncia ao que determina a lei."
ManifestaçõesMais de mil manifestantes de movimentos sociais chegaram na última terça-feira ao município de Cabrobó (PE) para tentar impedir a continuidade das obras de integração do Rio São Francisco. Na última segunda-feira, o 2º Batalhão de Construção e Engenharia do Exército começou as obras de destacamento e de topografia para a transposição no município.
Entre os participantes da manifestação estão indígenas, quilombolas, integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo a assessoria de imprensa do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), além de os manifestantes exigirem a desistência da obra, eles querem um programa de desenvolvimento sustentável para o semi-árido brasileiro.
(Por Elizabeth Lopes,
Estadão Online, 27/06/2007)