O plano de crescimento da Odebrecht no setor de açúcar e álcool nos próximos anos prevê o desenvolvimento de novos projetos e a aquisição de usinas existentes, de acordo com Clayton Hygino Miranda, que será presidente da empresa que a construtora irá constituir para atuar na área. “Já estamos observando algumas localidades nos Estados de Minas Gerais, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul”, disse. Segundo ele, a empresa está aberta a parcerias para os novos projetos.
De acordo com Eduardo Pereira Carvalho, que será um dos parceiros da Odebrecht, a nova empresa buscará áreas em novas fronteiras, com baixo número de usinas já operando. “Não queremos desenvolver projetos em um local com inúmeras usinas para ter de disputar a matéria-prima”, justificou.
Essa necessidade de espaço decorre do interesse de desenvolver o modelo de produção baseado em “clusters”, que integram os centros de produção da cana e as usinas, melhorando a logística. “Cada cluster terá capacidade de moagem entre 10 milhões e 12 milhões de toneladas de cana”, explicou Carvalho. Os projetos denominados “greenfields”, ou novas usinas, já serão adaptados para colheita 100% mecanizada e contarão com co-geração de energia. A expectativa futura é de que o mix de produção seja de 40% de açúcar e 60% de etanol.
Segundo Miranda, a nova empresa já trabalha no desenvolvimento do plano de negócios, que permitirá estar entre os líderes de mercado dentro de 10 anos. “Temos um objetivo macro”, disse Miranda. “Agora discutimos como chegar lá.”
A primeira aquisição da nova empresa da Odebrecht, que ainda não tem um nome definido, deve ser fechada em 15 dias. Será uma usina localizada no Estado de São Paulo. “O processo está na reta final”, disse Miranda, sem detalhar o nome da usina e sua capacidade instalada. “Temos um acordo de confidencialidade.”
Na verdade, as negociações para a compra da usina haviam sido iniciadas pela CZRE, empresa de participação constituída por Carvalho e Miranda para atuar no setor sucroalcooleiro. De acordo com Miranda, as discussões para a compra foram iniciadas há dois meses, um mês antes do começo das conversas com a Odebrecht.
AlcooldutoAlém dos investimentos em aquisições e novos projetos de usinas de açúcar e álcool, a nova empresa cogita investir em alcooldutos na área logística, disse Carvalho. “É o investimento óbvio e natural. Podemos pensar em ferrovias, mas o alcoolduto é o caminho para escoar o etanol”, disse o executivo.
Os R$ 5 bilhões em investimentos anunciados pelo grupo, porém, não contemplam recursos para a área logística. Apenas consideram a produção de açúcar e etanol e a co-geração de energia. Segundo o diretor de investimentos da Odebrecht, Ruy Sampaio, a companhia pretende constituir parcerias para o desenvolvimento de projetos no setor sucroalcooleiro. “Pretendemos firmar parcerias com os agentes setoriais.”
O executivo também afirmou que a iniciativa da Odebrecht não tem relação com o anúncio da Braskem de produzir insumos petroquímicos a partir de etanol. “O projeto da Odebrecht não está vinculado ao da Braskem”, disse. “Entretanto, naturalmente em condições de mercado, a Braskem seria bem-vinda como cliente.”
(
Estado de S. Paulo, 28/06/2007)