CLIMA DE GUERRA E INTERESSES OBSCUROS ENVOLVEM GASODUTO NO AMAZONAS
2001-11-12
A suspensão das audiências públicas que seriam realizadas em Coari, no Amazonas, a 370 quilômetros de Manaus, no último dia seis, para discutir o impacto ambiental do gasoduto que deverá ser construído em Porto Velho esconde uma guerra de interesses travada nos bastidores da licitação. A finalidade do gasoduto é alimentar o parque termelétrico fornecerá energia elétrica para os estados de Rondônia, Acre e sul do Amazonas, O cancelamento das audiências foi um pedido dos ministérios públicos Federal e Estadual do Amazonas ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), alegando a falta de divulgação de informações sobre o estudo de impacto ambiental para a construção do gasoduto. Além disso, as audiências públicas que decidirão sobre a obra não foram relacionadas no cronograma. Pelos dois motivos, um novo calendário de reuniões está sendo organizado pelos dirigentes do Ibama e da Petrobras (Gaspetro). -O Amazonino Mendes, que é o governador do Amazonas, é contra a construção do gasoduto. Ele quer que o gás seja transportado de barco porque ele possui uma frota de balsas. Há um outro grupo de lobistas exigindo que o gás seja trazido de Mato Grosso, por meio de um braço do gasoduto da Bolívia. Já os ambientalistas do Amazonas atacam o gasoduto afirmando que ele causará um forte impacto ambiental. No final, o grande prejudicado será o Acre, denunciou a presidente do Sindicato dos Urbanitários do Acre, Doriane Brito. A sindicalista é contrária à construção da linha de transmissão que irá transportar energia elétrica de Porto Velho até Rio Branco. Com a nova linha funcionando, segundo Doriane, as quatro usinas termelétricas existentes na capital acreana deverão ser desativadas. Em meio à crise de fornecimento de energia, as usinas existentes em Rio Branco têm capacidade para gerar 100 mil megawatt/hora de energia quando o consumo médio da capital é de 55 mil MW/hora. -A informação é de que o escritório local da Eletronorte deixará de ser gerador para ser apenas distribuidor de energia. Com isso a empresa manterá apenas 17 de seus 126 funcionários permanentes e 62 prestadores de serviços. Além do mais, a Petrobras também desativará seu depósito em Rio Branco, já que 90% de sua venda são feitas para as usinas. Assim o Acre perderá pelo menos 30% de sua arrecadação de ICMs. Para Doriane, o impacto ambiental da construção do linhão de transmissão de energia será mínimo. -O linhão será subterrâneo, enterrado no chão junto à estrada ou ao longo da rede de torres que já existe. A vegetação será mantida. Então o que se espera é que haja o menor impacto possível no meio ambiente. Enquanto a Eletronorte planeja ficar com apenas 17 funcionários para dar manutenção em sua subestação e no linhão, diz a sindicalista, e enquanto o impasse entre políticos e ambientalistas sobre o gasoduto não for solucionado, a usina termelétrica de Rondônia, continua Doriane, funcionará movida a óleo diesel. -Estão desmontando uma empresa brasileira e demitindo brasileiros para entregar os serviços à Termo Norte, que, embora tenha sua sede no Rio, seus proprietários são da Califórnia, no Estados Unidos. (Agência JB)