Há cerca de uma semana a reportagem do Jornal Diário do Amapá recebeu uma séria denuncia de que crianças entre 8 e doze anos estavam trabalhando de maneira escrava em minas de carvão instaladas clandestinamente em pontos distintos no bairro das Pedrinhas, principalmente em uma área próxima a bacia de decantação da Caesa. Na mesma semana em que a reportagem esteve no local, ela foi impedida de entrar na área pertencente à Caesa. Um vigilante alegou que os repórteres só poderiam entrar mediante autorização expressa da diretoria da empresa; porém o lugar serve como passagem de moradores entre o bairro e uma área de invasão que fica atrás do muro da bacia.
A denuncia ga-nhou repercussão e até mesmo assessores do Ministério Público Federal li-garam para a redação do jornal pedindo maiores informações sobre o caso para que pudessem investigar mais afundo e até mesmo fazer uma intervenção fe-deral. Na denuncia feita pelos moradores que pediram preservação dos nomes, constava de que as crianças ganhavam por um dia inteiro de trabalho cerca de R$ 2 e nem ao menos recebiam alimento no horário do almoço. O caso também foi denunciado durante o programa radiofônico Luiz Melo Entrevista na rádio 102FM.
Terça-feira (25/06) pela manhã os mesmos moradores da denuncia feita no dia (20) passado voltaram a entrar em contato com a reportagem do Diário informando que uma pessoa que compra o produto direto da fonte os alertou para o que estava ocorrendo, inclusive dando conta de que possivelmente a polícia fosse até o local.
Já na manhã de sábado (23) os barracos que serviam para emba-lagem e abrigo das sacas de carvão desapareceram e com elas as crianças e homens que tocavam o negócio. Ninguém soube informar para onde eles se deslocaram e muito menos se continuarão o comércio que emprega trabalhadores infantis que em muitos casos são levados pelos próprios pais, os quais por desconhecerem as formalidades da Lei nem sequer sabem que podem ir parar na cadeia pelo crime em tela.
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Diário do Amapá, 27/06/2007)