Um dos mais respeitados especialistas em primatas do mundo, Marc van Roosmalen, 59, holandês naturalizado brasileiro, foi condenado e está preso em Manaus (AM) por crimes contra a fauna e peculato (desvio de dinheiro público).
A Justiça Federal decidiu no último dia 8 que pela primeira infração ele deverá cumprir uma pena de um ano e seis meses de detenção. Pelo desvio, ele foi condenado a pagar uma multa de 350 salário mínimos. Cabe recurso à decisão.
O pesquisador cumpre pena na cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa, no centro da capital amazonense. Seus advogados entraram com um pedido de habeas corpus anteontem, mas a Justiça ainda não decidiu se ele deve ser solto.
A reportagem tentou durante toda a tarde de ontem falar com os advogados citados no processo como representantes de Roosmalen, mas não conseguiu contatar nenhum deles. O procurador Edmilson da Costa Barreiros, que estava com os autos do processo ontem, não atendeu a reportagem.
Em 2002, Roosmalen foi multado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis) por transportar ilegalmente macacos e orquídeas da serra do Aracá, situada em Barcellos (450 km de Manaus). Em sua página na internet, o cientista vendia nomes científicos de espécies amazônicas. Em abril de 2003, um processo administrativo no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que culminou na demissão de Roosmalen do órgão -no qual ele trabalhava desde 1986-, confirmou o envio de material do patrimônio genético para o exterior sem autorização (biopirataria).
Roosmalen, que descobriu pelo menos cinco novas espécies de macaco na Amazônia, sempre negou os crimes. "Não há nenhuma prova e não vão ter nenhuma prova que estou envolvido no tráfico de animais ou biopirataria", disse ele à época da conclusão do processo administrativo.
(Por Kátia Brasil e João Carlos Magalhães,
Folha de S. Paulo, 27/06/2007)