O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou ontem (26/06) no Rio um estudo preliminar sobre a elevação do nível do mar em dois pontos da costa brasileira: Macaé, no Rio de Janeiro, e Imbituba, em Santa Catarina. Os registros mostram que, de dezembro de 2001 a dezembro de 2006, o mar subiu, em média, 2,5 mm por ano em Imbituba e 37 mm por ano em Macaé.
Para os técnicos do instituto, a elevação de Imbituba tem como principal causa o aquecimento global e é condizente com levantamentos feitos em outros lugares do mundo, que apontam uma elevação média anual entre 1 e 2 mm.
No caso de Macaé, no entanto, a elevação anual bastante significativa, de 37 mm por ano, não pode ser explicada apenas pelo aquecimento global. Para o instituto, é mais provável que essa mudança seja explicada por características geológicas do local onde fica o medidor.
Por se tratar de um estudo ainda preliminar, o IBGE afirma que será necessário fazer novas medições em Macaé para chegar a uma conclusão definitiva. Foram levantadas três hipóteses até o momento. A primeira está relacionada aos ventos na região, que poderiam provocar um efeito de "empilhamento" da água.
A segunda seria o crescimento acelerado e desordenado da região, que pode estar provocando alterações nos rios que deságuam em Macaé e influenciando no fluxo de água.
Para o IBGE, no entanto, a mais provável das hipóteses está relacionada a efeitos geológicos da região, como a existência de falhas ativas nas proximidades da cidade que estariam provocando um afundamento da crosta terrestre, em vez de uma elevação do mar.
"Quando você mede o nível do mar com um marégrafo, o registro é resultado de duas variáveis. A primeira é a própria variação do nível do mar. No entanto, como o equipamento está engastado na crosta terrestre, se ela se movimenta, o registro do nível do mar também se altera. No caso de Macaé, a hipótese mais provável é que a crosta esteja afundando naquele ponto e, com isso, o registro do nível do mar aumenta", afirma Luiz Paulo Fortes, da diretoria de geociências do IBGE.
Para tirar a teima, o instituto anunciou ontem que espera instalar até o fim do ano no local um aparelho de GPS (sistema de posicionamento global por satélite), que mede com mais precisão a altitude de um ponto terrestre. Com isso, será possível saber o quanto da elevação do mar em Macaé é efeito de movimentos geológicos e o quanto está relacionado ao aquecimento global.
O IBGE possui também estações de medição da maré em Salvador (BA) e Santana (AP) e planeja colocar para funcionar uma outra em Fortaleza (CE). Somente foram divulgados dados de Imbituba e Macaé porque essas duas estações são as únicas com registros desde dezembro de 2001.
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Folha de S. Paulo, 27/06/2007)