Irã, um dos maiores produtores de petróleo da Opec (entidade que reúne os principais países exportadores mundiais do produto) anunciou nesta terça-feira que racionará gasolina em postos do país a partir de amanhã. Sob a ameaça de novas sanções das Nações Unidas (ONU) devido a seu programa nuclear, o Irã usa o racionamento como parte da tentativa de frear importações de combustível. Apesar de suas enormes reservas de energia, o Irã não tem a capacidade de refinamento necessária para suprir o mercado interno e importa cerca de 40% de suas demandas de gasolina.
O tema se torna particularmente sensível depois que o Conselho de Segurança (CS) da ONU ameaçou adotar um terceiro pacote de sanções contra o país por sua recusa em interromper o enriquecimento de urânio. As importações são um fardo pesado para os cofres do Estado, porque todo o combustível, seja importado ou produzido internamente, é vendido a preços fortemente subsidiados. De acordo com a agência Reuters, mesmo com um aumento de 25% no preço, o combustível ainda é vendido a apenas US$ 0,11 (cerca de R$ 0,22) por litro nos postos de gasolina. Após o anúncio, moradores insatisfeitos incendiaram um posto de gasolina nos arredores de Teerã como protesto contra o governo.
Racionamento"A partir da meia-noite de hoje, a gasolina será racionada", informou a TV estatal iraniana, citando o Ministério do Petróleo. O anúncio chega após meses de incerteza sobre como e quando o racionamento seria implementado. Uma parte importante do debate entre o Parlamento e o governo gira em torno da permissão a motoristas para comprarem combustível extra a preços de mercado, mas o anúncio de hoje não faz menção a essa autorização. "O governo, por estar completamente comprometido com a implementação da lei, exercerá todos os esforços para diminuir qualquer possível limitação à população", informou a TV estatal.
Segundo o anúncio, carros privados, que também podem circular com gás natural, poderiam obter cem litros de gasolina por mês. Alguns carros no Irã podem usar ambos os tipos de combustível, e estes receberão uma quantidade menor de gasolina por mês. Taxis oficiais que só consomem gasolina receberão 800 litros por mês, e motoristas que trabalham em meio período como motoristas de taxi receberão 600 litros por mês, informou a TV. Carros do governo, que já racionam combustível desde o começo do mês, receberão 300 litros de gasolina mensais.
SançõesNesta segunda-feira, o principal negociador nuclear iraniano, Ali Larijani, convidou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a enviar uma equipe de especialistas a Teerã "para desenvolver um plano de ação para assuntos pendentes relativos ao programa nuclear do Irã no passado". A iniciativa é uma resposta ao mal-estar da AIEA, que reclamou da gradual degradação da cooperação iraniana.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU--Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido-- mais a Alemanha estudam novas medidas de pressão contra Teerã por sua recusa em interromper o controverso programa de enriquecimento de urânio. A ONU suspeita que o Irã tenha um programa secreto para desenvolver armas nucleares. Teerã nega e afirma que o programa nuclear visa apenas o fornecimento de energia.
(Com Reuters e Efe,
da Folha Online, 26/06/2007)