Manifestantes que estão em Cabrobó dizem que transposição do São Francisco é um erro
transposição do são francisco
2007-06-27
Os movimentos populares e entidades civis da Bacia do Rio São Francisco e de todo o Nordeste divulgaram um manifesto sobre o acampamento que está sendo realizado em Cabrobó (PE) contra as obras de integração do São Francisco.
Os manifestantes dizem que o governo erra ao propor uma obra contra a seca e não a favor do Semi-Árido e que a transposição significa uma “travessia para o passado”. “A questão não é doar água ou não, mas qual desenvolvimento, a que preço e para quem”, afirmam.
Segundo eles, cerca de 1,2 mil pessoas estão junto ao canteiro de obras, no Km 29 da BR-428, para exigir a imediata suspensão das ações que dão início às obras da transposição, considerada “traiçoeira” pelo movimento.
No manifesto, os manifestantes prestam apoio aos povos indígenas da região. “Em sinal de outro desenvolvimento, voltado para a população e não para o capital, nos irmanamos ao povo Truká e aos indígenas de todo o Nordeste na retomada desta terra, da Fazenda Mãe Rosa, desapropriada para a transposição, território Truká desde tempos imemoriais”, afirma o comunicado.
De acordo com os representantes dos movimentos, já foram realizadas mais de cem manifestações públicas contrárias às obras no São Francisco, e este é o terceiro acampamento. Eles reclamam que não foram recebidos pelas autoridades que tratam do assunto em nenhuma ocasião.
A nota é assinada por diversos movimentos como Movimento dos Sem-Terra (MST), Conselho Indígena Missionário (Cimi), Cáritas, Fóruns de Organizações Populares do Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco, além de colônias de pescadores, comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas, vazanteiras, brejeiras, catingueiras e geraiseiras da Bacia do Rio São Francisco.
O major Manoel Valentim, chefe de comunicação social do 1º Grupamento de Engenharia de João Pessoa, na Paraíba, disse que a manifestação não está impedindo o trabalho do Exército. As obras de destacamento e de topografia para a transposição do Rio São Francisco que continuam normalmente.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar de Pernambuco, informou que a PM está fazendo o monitoramento do local, e que ainda não foram registrados incidentes.
O Ministério da Integração Nacional ainda não se manifestou sobre o assunto.
(Por Sabrina Craide, Agência Brasil, 26/06/2007)