Durante a última semana, ministros de Estado e inúmeras entidades da região da Amazônia boliviana se reuniram no primeiro Fórum Amazônico já realizado no país. Entre as discussões sobre um modelo sustentável de desenvolvimento para a região, todos os presentes, incluindo ministros e o próprio presidente Evo Morales, reafirmaram a posição do país contra a construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira.
A declaração oficial do encontro, realizado na cidade amazônica de Guayaramerín, é enfática na condenação do projeto brasileiro das usinas no Madeira tão próximo à fronteira boliviana. Em sua apresentação durante o encontro, o ministro boliviano de obras públicas, Jerjes Mercado, assegurou a posição do governo de não dar qualquer aval à obra enquanto não se conduza um Estudo de Impacto Ambiental estratégico sobre os danos que as represas no Rio Madeira podem causar às comunidades e territórios bolivianos.
"No que diz respeito às hidrelétricas que o Brasil almeja construir em Jirau e Santo Antônio, próximos à fronteira com a Bolívia, o Primeiro Fórum Amazônico comparte e respalda [...] a preocupação da Bolívia com os potenciais impactos ambientais, econômicos e sociais que teriam os projetos na zona de influência das obras. Antes de levar adiante esse tipo de empreendimento, seriam necessários acordos internacionais a respeito. É evidente que qualquer modificação no curso de um rio da magnitude do Rio Madeira produzirá impactos ambientais de grande magnitude. O que é discutível em relação ao projeto não é só a medida desses impactos, mas também a ética da decisão de um país em fazer com que outro assuma um risco a que não se dispôs, que não lhe trará qualquer benefício e com o qual não está de acordo" diz trecho do documento "Declaración de Guayaramerín" de 19 de junho de 2007.
Sobre outros pontos de discussão, o encontro reafirmou, com o apoio maciço do governo, a necessidade de se pensar em uma política de Estado integral para o desenvolvimento da Amazônia boliviana. O encontro defende a criação de um paradigma de desenvolvimento que responda à identidade dessa região e cujo aproveitamento dos recursos naturais seja sustentável através do tempo.
Leia a
íntegra da Declaração de Guayaramerín (em espanhol).
(Por Mariane Gusan,
Amazonia.org.br, 25/06/2007)