Estatal SCGás lança hoje "Projeto Ilha", que vai levar o insumo para vários pontos da Ilha. A Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGás) anuncia hoje a implantação do Projeto Ilha, que vai levar o gás natural a 56 ruas de Florianópolis. Embora o estado já dispunha do gás boliviano desde 2000, o insumo só chegou à capital em fevereiro deste ano por meio de um ramal que atravessou a ponte Pedro Ivo Campos até o posto de combustíveis Rita Maria, o primeiro a oferecer Gás Natural Veicular (GNV) na ilha. Agora a companhia investe R$ 15 milhões e estende a rede até o bairro Santa Mônica e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), numa extensão de 32 quilômetros.
Levantamento realizado pela SCGás prevê um consumo de 40 mil metros cúbicos por dia de gás natural nessa região, sendo 36 mil para o segmento automotivo e 4.400 m³ para os segmentos comercial e residencial, contemplando clubes, colégios, academias, bares e restaurantes, condomínios, hospitais, hotéis e motéis, instituições de ensino e pesquisa, lavanderias, padarias, serviços, shopping centers e supermercados.
O presidente da SCGás, Ivan Ranzolin, acredita que no próximo mês deverá estar concluído o processo licitatório para as obras de construção da rede na parte insular. O projeto Ilha absorverá a maior parte dos recursos planejados para expansão da rede de distribuição em 2007, que somam R$ 59 milhões. No ano passado foram investidos R$ 33,4 milhões.
O número de postos de combustíveis atendidos com GNV saltará dos 79 para 100 até o final do ano. A companhia hoje atende a 291 clientes e deve chegar a 300 em julho.
A SCGás, que está presente em 37 cidades, passará a atender mais oito municípios. Os outros ramais em construção vão de Tijucas (SC), no Vale do Itajaí, a Passo de Torres (SC), divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina.
A SCGás aguarda ainda aprovação de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para aplicação no planejamento estratégico plurianual. Outros R$ 200 milhões estão projetados para o ramal Serra, que partirá de Indaial (SC), no Vale do Itajaí, e irá até Lages (SC), no Planalto Serrano.
O consumo médio de gás natural em maio, em Santa Catarina, de 1,56 milhão de metro cúbico por dia, superou o recorde anterior registrado em outubro de 2006, de 1,51 milhão de m³/dia. Ranzolin afirma que a meta estipulada para 2007 é de crescimento de 10% sobre o faturamento bruto alcançado em 2006, de R$ 427,11 milhões. "Em junho, julho e agosto, o crescimento será de 5% somente em função das novas ligações", diz.
Contra o projeto de lei O presidente Ivan Ranzolin está temeroso com o projeto que institui a Lei do Gás. Ele diz que a lei não entrará em vigor porque é "inconstitucional". "A Constituição Federal garantiu aos estados a exploração direta do gás ou mediante concessão e a MP que garantia a lei foi vetada." O projeto, que tramita no Congresso Nacional e deverá ser votado em julho na comissão especial formada para discutir o assunto, estabelece o regime de outorga dos novos investimentos. Ranzolin defende a separação dos negócios de distribuição e de comercialização de gasodutos. "A lei tem que proteger o investidor. A SCGás investiu quase R$ 300 milhões entre 2000 e 2007 em 300 quilômetros de rede e não seria justo adotar agora a livre comercialização", afirma.
(Por Juliana Wilke,
Gazeta Mercantil, 26/06/2007)