A Cosan deverá usar parte dos US$ 2 bilhões para retomar o plano de aquisições de usinas no mercado brasileiro, apontam especialistas ouvidos pelo Estado. Segundo estas avaliações, este é o principal objetivo do acionista controlador Rubens Ometto a partir do momento que tiver os recursos no caixa da companhia.

Segundo um analista, o controlador da Cosan tem pelo menos 10 usinas na alça de mira. A dificuldade até agora foi a grande valorização destes ativos, resultado de uma onda de aquisições promovidas por fundos de investimento e de participações nos últimos dois anos.

A própria Cosan foi vítima da liquidez no mercado brasileiro. No final do ano passado, a empresa fez uma oferta de compra da Companhia Vale do Rosário, uma das mais tradicionais produtoras de açúcar e álcool do Brasil. Um grupo de acionistas contrários à venda exerceram o direito de compra da parte que venderia a Rubens Ometto e anulou a operação. O controlador da Cosan ofereceu US$ 750 milhões por 100% das ações da Vale do Rosário.

Ciclo
O ciclo de alta destes ativos pode ter chegado ao fim, pelo menos enquanto o novo patamar de capacidade de produção de açúcar e álcool do setor não encontrar mais mercado. No caso do álcool, a previsão do setor é que isso não ocorra antes de 2009. As exportações, que atingem 20% da produção, devem se manter neste patamar nos próximos anos.

A grande oferta de açúcar a álcool tem levado a queda de preços dos produtos, o que neste início de safra 2007/2008 tem reduzido a rentabilidade das usinas. Segundo um analista, a queda do preço dos ativos poderá ocorrer no momento em que a Cosan tiver recursos abundantes em caixa. 'Ele pode comprar ativos na baixa', diz um analista. Celso Boin, chefe do grupo de análise da Link Corretora, concorda. Para ele, a queda de preço dos produtos das usinas pode sim facilitar novas incorporações da Cosan.

Além dos planos no mercado interno, Ometto já disse que pretende produzir de etanol de milho nos Estados Unidos, além de ter negócios no mercado indiano, um dos países apontado como futuro grande consumidor de álcool combustível.

'Nos EUA, minha idéia não é nem ser muito grande. Se eu chegar grande, vou apanhar e perder dinheiro. E eu não gosto de perder', disse Ometto numa entrevista recente e complementou: 'Tenho certeza de que vamos ter oportunidades fora do Brasil. Só não tenho hoje porque ainda não estou.'

Imvestimento
A capitalização da Cosan com as novas emissões de ações vai ajudar nos planos de crescimento da companhia, independente das aquisições. Boa parte dos recursos, apurou a reportagem, será usada para aumentar a capacidade de moagem das usinas e em novos projetos. A divisão dos recursos ocorrerá da seguinte forma: US$ 650 milhões para novos usinas; US$ 500 milhões para expansão das usinas do grupo; US$ 325 milhões para projetos de co-geração de energia; e US$ 100 milhões para ampliar a colheita mecanizada.

(Por Agnaldo Brito, Estado de S. Paulo, 26/06/2007)