O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) aprovou, na reunião desta segunda-feira, a construção da usina nuclear de Angra 3, que terá capacidade para gerar 1.350 MW (megawatts). A construção demandará investimentos da ordem de R$ 7,2 bilhões em cinco anos e meio, além do R$ 1,5 bilhão já investido --de acordo com a Eletrobrás, 30% do empreendimento já foi realizado.
A decisão final sobre a construção é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já se mostrou favorável à obra. O governo ainda precisa, também, conseguir no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a licença ambiental da usina.
De acordo com o presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima, que participou da reunião, apenas o Ministério do Meio Ambiente votou contra a construção. Outros oito ministérios, entre eles o de Minas e Energia, foram favoráveis --os demais são Ciência e Tecnologia, Fazenda, Desenvolvimento, Agricultura, Planejamento, Casa Civil e Integração Nacional. Também votou favoravelmente a cadeira representada pelos Estados --as cadeiras destinadas ao cidadão brasileiro especialista em energia e a do representante das universidades estão vagas.
O ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, disse que o governo pretende iniciar a construção de Angra 3 ainda neste ano. De acordo com o ministro, será editado um decreto, ainda sem data prevista, com as especificações da usina, como preço de tarifa, custos e modelo de comercialização de energia.
Angra 3 é uma usina de segunda geração, como a maioria no mundo, e incorpora vários itens de segurança exigidos internacionalmente. Angra 2, projeto gêmeo, funciona desde 2000.
O investimento em Angra 3 é de US$ 1.800 por quilowatt (a referência internacional está em US$ 1.300-1.500), e o custo de geração é estimado de R$ 131 a R$ 169 por MWh (megawatt-hora), que ficam dentro da referência dos leilões de energia nova (inferior a R$ 140/MWh).
Segundo Lula, Angra 3 é necessária para garantir energia a partir de 2012. Recentemente, ele elogiou a tecnologia brasileira no setor e disse que não há risco de acidentes. "É uma energia limpa. Não polui. Não emite CO2. Portanto, não contribui para o efeito estufa", disse ele. Lula ressaltou, na ocasião, que o Brasil precisa de energia para atrair investimentos e crescer.
Ao todo, o governo espera fazer de quatro a oito usinas nucleares até 2030. Segundo o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, a primeira deve ser no Nordeste, provavelmente no vale do rio São Francisco. São Paulo também deve receber usinas.
9ª rodadaO CNPE aprovou também a realização da 9ª rodada de licitação de blocos para exploração de gás e petróleo. De acordo com Lima, a definição dos blocos será feita nos próximos dias pela ANP e pelo Ministério de Minas e Energia. A licitação será na primeira semana de novembro.
(Por Lorenna Rodribues, da
Folha Online, em Brasília, 25/06/2007)