Mesmo com a falta de propostas das mineradoras na licitação internacional realizada na semana passada para a exploração das reservas de silvinita na região de Nova Olinda do Norte, na Calha do rio Madeira, o Governo do Estado do Amazonas se diz otimista com a possibilidade de aproveitamento da maior reserva do minério na América Latina. Em seu programa de rádio, o governador Eduardo Braga disse que, apesar da frustração com o resultado da licitação, o Estado não desistirá da silvinita.
As companhias que compraram o edital para concorrer na licitação, realizada no Rio de Janeiro, identificaram problemas de infra-estrutura (portos, energia, estradas) que inviabilizariam a lucratividade do empreendimento, tendo em vista que o retorno seria baixo para o volume de investimentos necessários. Nesse sentido, as empresas precisariam de uma contrapartida do Governo.
"Vamos tomar todas as providências necessárias para criar condições de desenvolvimento da atividade. Essas ações serão coordenadas pela recém-criada Secretaria Executiva da Geodiversidade e Recursos Hídricos vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Sustentável", afirmou o governador. Resolver a demanda por energia é a principal prioridade para viabilizar a extração da silvinita. Somente no município de Itacoatiara, os estudos encomendados pelas mineradoras apontam a necessidade de disponibilidade de 120 Megawatts.
O secretário de Governo José Melo aponta duas alternativas para a questão energética. "A mais provável é que a energia venha pelo Linhão de Tucuruí, linha de transmissão de energia hidrelétrica que sairá de Juruti, no Pará, e interligará municípios amazonenses", afirma. Outra possibilidade, mais demorada seria a utilização do gás que pode ser explorado no município de Silves. "Uma vez superada a questão da energia, as demais questões não serão problema", afirma Melo.
Estratégico para o paísDe acordo com o geólogo e secretário executivo da Geodiversidade e Recursos Hídricos da SDS, Daniel Nava, o leilão foi o primeiro passo para a realização de um acordo. "A negociação é nacional e estratégica não somente para o Amazonas como para o País", acredita. Isso porque o Brasil importa US$ 1,1 bilhão deste mineral. Toda a cadeia do agribusiness necessita deste insumo para se manter aquecida.
Nava está otimista com as possibilidades de negociação. "O leilão foi importante porque pudemos saber quais empresas estão interessadas. Sabendo quem são, podemos identificar linhas de atuação", disse. Quanto à questão ambiental, o geólogo, afirma que o Governo não vai criar nenhuma unidade de conservação na área do minério. Mas admite que, no futuro, essa pode ser uma forma de conter um possível fluxo migratório para a área de exploração.
(Por Anália Barbosa,
A Crítica, 25/06/2007)