Uma carga de entulho ou de poda de árvores nos fundos de casa já era um problema, e agora virou uma dor de cabeça ainda maior. Desde o início de junho, "livrar-se" desse material sem agredir o ambiente está custando quase o dobro do preço. O que é para ser um avanço no respeito às leis ambientais, acabou gerando polêmica na cidade.
E não foram as empresas de telentulho que reajustaram os preços, como muitos clientes pensaram. O aumento no custo se deve a uma taxa extra. É que, até maio, o material que saía de grandes obras ou dos fundos de terrenos era depositado pelos telentulhos em um terreno perto do Arroio Cadena, na Vila Renascença. A partir de junho, depois de um acordo, tudo passou a ser levado para áreas onde há licença ambiental.
A questão é que há só uma empresa com liberação para isso: a GR2, na Faixa de Rosário. Mas isso tem um preço considerado salgado pelos clientes. Uma carga que saia por R$ 45, passou para até R$ 90.
Ao ligar para as empresas de telentulho este mês, muitos santa-marienses levaram um susto ao ser informados do novo preço. Resultado: xingamentos e uma queda de até 60% no serviço.
- Para quem limpa o pátio ou faz uma pequena reforma, ficou inviável pagar um telentulho. Com isso, tem muito contêiner parado - diz Alberto Stangherlin, diretor de uma das empresas de telentulho.
Mais seguro - A GR2 diz que está preocupada em reduzir os danos ambientais e que dá cursos para as construtoras reaproveitarem materiais, reduzindo o lixo produzido.
- O problema é que, até hoje, só era contabilizado o preço do transporte, nunca os custos com a destinação do lixo - diz Ronaldo Feltrin Segala, um dos diretores da GR2.
Para o responsável técnico da GR2, Gilson Piovezan Júnior, o problema da área antiga, perto do Cadena, é que ela recebia materiais poluentes junto com o entulho:
- Na GR2, retiramos do entulho o que for contaminante e deixamos o que não causa risco ambiental.
Onde vai parar tanto lixo?
Depois da mudança das regras de depósito de restos de obras, a pergunta que fica é: o que estão fazendo os clientes que desistiram de contratar um telentulho? Como não dá para esconder uma carga de entulho embaixo do tapete, o temor é que a população passe a jogar os materiais em qualquer lugar, provocando danos ambientais.
E isso já estaria acontecendo. Segundo as empresas de telentulho, depois que começou a cobrança da taxa extra, muitos moradores passaram a contratar carroceiros e caminhões para se livrar do entulho.
Para o técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) Sérgio Rohde, de Porto Alegre, é preocupante o fato de existir apenas uma área - e particular - para receber esse material.
- A prefeitura deveria proporcionar uma área gratuita para as pessoas da comunidade que geram pouco entulho. Até um certo limite, poderia ir para esse local - sugere.
(Por Deni Zolin, Diário de Santa Maria, 25/06/2007)