As baixas taxas de nitrogênio no solo representam um fator limitante de nutrientes para o crescimento de florestas tropicais. Mas uma nova pesquisa destaca que, na medida em que as áreas desmatadas se recuperam, elas conseguem restabelecer também seu ciclo de nitrogênio. O estudo foi feito por pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), da Embrapa Amazônia Oriental, do Departamento de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi e do Centro de Pesquisas Woods Hole, nos Estados Unidos.
De acordo com um dos autores, Luiz Antonio Martinelli, do Cena, o estudo, publicado na edição desta quinta-feira (21/6) da revista Nature, dá uma importante contribuição para o desenvolvimento de técnicas de recuperação de áreas degradadas na Amazônia. O trabalho comparou diferentes áreas de florestas com crescimentos secundários – isto é, nas quais havia capoeiras, locais em que houve desmatamento, mas que estão em recuperação. “Escolhemos áreas em que houve desmatamento para uso agrícola, o que nos permitiu identificar a idade de corte de cada trecho. Fizemos amostragens intensivas em cada uma dessas parcelas, com idades entre 2 anos e 70 anos, e as comparamos com a floresta original”, disse Martinelli à Agência FAPESP.
Segundo o pesquisador, as florestas jovens são ricas em plantas leguminosas, que fixam o nitrogênio. “Essas plantas tendem a jogar nitrogênio no sistema e restabelecem a riqueza do solo, perdida com o desmatamento”, disse. A conseqüência da pesquisa, de acordo com Martinelli, é confirmar a capacidade de recuperação do ciclo de nitrogênio em áreas degradadas, caso as capoeiras não sejam mais desmatadas. “Podemos acelerar o processo adubando um pouco com fósforo e plantando leguminosas a fim de rejuvenescer a floresta em menos tempo”, disso. O trabalho indica que a floresta demora no mínimo 70 anos para a completa recuperação.
O artigo Recuperation of nitrogen cycling in Amazonian forests following agricultural abandonment, de Luiz Antonio Martinelli e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.
(Por Fábio de Castro,
Agência Fapesp, 21/06/2007)