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2007-06-25
A semente foi plantada há 15 anos. Alguns frutos estão sendo colhidos hoje. O “plantio” foi feito por especialistas de 178 países reunidos no Rio de Janeiro. O “quintal” era a Eco-92, megaevento que fez o mundo refletir sobre a necessidade de natureza e progresso conviverem em harmonia.

Cuidar de árvores, limpar rios, separar o lixo e fotografar em vez de caçar deixaram de ser atividades exóticas e se incorporaram ao cotidiano das comunidades. O desenvolvimento sustentável passou a ser defendido por governos e empresários. “A militância ambientalista também se profissionalizou. Descobrimos fontes internacionais de recursos, e redes temáticas pela internet se tornaram regra”, diz Kathia Monteiro, uma das líderes da ONG Amigos da Terra.

Mas nem toda a teoria virou prática. Ficou no papel a maior parte dos tratados ambientais. Um deles é o Protocolo de Kyoto, que evitaria o aquecimento global e sequer foi assinado por países como os EUA e a China. O Brasil assinou e permanece apostando em combustíveis como o carvão, apontado como fonte de aquecimento e poluição. Nos últimos 100 anos, a temperatura média da Terra subiu quase um grau por causa do efeito estufa. Ele provoca derretimento de geleiras, aumento do nível dos oceanos, enchentes, furacões e calor.

Especialistas calculam que apenas 1% da água da Terra seja própria ao consumo. Por força do aumento populacional, o consumo de água triplicou na segunda metade do século 20. De toda a água doce, 12% ficam no Brasil. O problema é que a poluição dos mananciais continua sem tratamento. Isso é agravado por fatores diversos, como o corte da mata ciliar.

A bióloga Lilly Lutzenberger ressalta que as florestas caminham para um lento extermínio. “A Terra é uma só. Lamentavelmente regida por governos inoperantes e gente com grandes negócios que pouco faz de positivo para a natureza”, diz Lilly, conselheira da Fundação Gaia.

Para o secretário-executivo do Meio Ambiente, Cláudio Langoni, há motivos para comemorar: o nível de conscientização do cidadão aumentou, e as transformações climáticas recolocaram a natureza no centro da agenda política. “Até George W. Bush agora fala em evitar desequilíbrio no clima. Sinal de que nem tudo é má notícia no front pós-Rio 92.”

Árvores
Virou prática mais comum a arborização, que estimula os cidadãos a plantar árvores. Empresas passaram a adotar praças e parques. Começam a surgir os prédios verdes, que seguem normas para poupar consumo de energia e capricham na manutenção de áreas de vegetação. Alguns têm trilhas ecológicas.

Lixo
A coleta em separado de lixos orgânicos e recicláveis, raridade no Brasil em 1992, ganha força. São comuns centros de tratamento de resíduos, em substituição aos lixões.

Ônibus
O transporte público foi racionalizado em capitais e em cidades do interior, com a descentralização das linhas. Com isso, os ônibus percorrem distâncias menores e queimam menos combustível fóssil. Resultado: menos poluição. A redução nos impostos embutidos nas passagens de ônibus, em alguns casos, torna o bilhete uma iniciativa acessível para a população, que deixa o carro em casa e polui menos.

Matas
Passados 15 anos, o desmatamento na Amazônia subiu de 10% para 18% da área, segundo entidades internacionais. A pirataria de vegetais usados como medicamentos continua ocorrendo. E espécies desaparecem a cada ano. Conforme o Ibama, de 1989 a 2003, aumentou em 79% o número de animais ameaçados de extinção.

Ciclovias
Cidades como Curitiba criaram ciclovias. Mesmo que sejam desrespeitadas pelos motoristas, elas estimulam um meio de transporte que não polui. Em Santa Catarina, ainda são poucas.

Mais calor
A Terra é cercada por uma camada de ozônio (O3), gás que a protege dos efeitos maléficos do sol. Essa capa tem diminuído por efeito de gases industriais como o clorofluorcarbono, presente nos aerossóis e nos refrigeradores. Isso provoca aumento nos casos de câncer de pele. Muitos países não aceitam eliminar esse gás da produção industrial. E o buraco continua avançando.

(A Notícia, 25/06/2007)


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