Desde que a palavra sustentabilidade - ou seja, o desenvolvimento de ações ecologicamente corretas; economicamente viáveis; socialmente justas e culturalmente aceitas - se tornou uma necessidade e um paradigma do mundo corporativo, um novo mercado de trabalho começou a se abrir para profissionais capazes de tratar com segurança temas como o protocolo de Kyoto e o mercado de carbono, o Pacto Global da ONU ou ainda o índice de sustentabilidade da bolsa de valores.
Para fazer frente a esta nova realidade, as empresas começam a buscar competências em áreas que antes eram mais acadêmicas como a psicologia, a filosofia, a ciência social. Este novo mercado de trabalho também atraiu ecologistas, que já se preocupavam com o tema no início da década de 1990 e hoje usam suas expertises em consultorias. Para quem atua no mercado, numa das profissões hoje "clássicas" como administração de empresas ou engenharia, não faltam cursos de especialização, pós-graduações e MBA, se quiserem entender as novas relações empresariais e ainda salvar o planeta.
Quando a Cushman & Wakefield do Brasil, líder mundial de serviços imobiliários, por exemplo, incluiu no seu portfólio o serviço ainda pouco explorado no País de consultoria de Green Buildings (prédios sustentáveis), dois de seus diretores, Octávio Pires Jr. e João Alves Pacheco, tiveram que se deslocar até os Estados Unidos. Lá, eles se debruçaram sobre dois manuais de 400 páginas cada, e participaram de workshops da U.S. Green Building Council (USGBC), a única que certifica e homologa prédio verdes do mundo, mediante a avaliação de 69 quesitos que vão do consumo baixo de energia e reutilização de água ao uso de materiais recicláveis ou reciclados em sua estrutura e mobília.
O mínimo exigido para se obter a certificação são 26 pontos.
- O prédio não pode impactar o meio ambiente mais do que precisa - diz Pacheco, para quem trata-se de um investimento alto, mas com um retorno que compensa. - Estes prédios são cada vez mais valorizados no mercado - afirma.
A jornalista Maria Zulmira de Souza, ficou conhecida com o Repórter Eco, no ar desde 1992, na TV Cultura de São Paulo - que ela ajudou a criar junto com as também jornalistas Vera Diegoli e Flávia Lippi. Mas não ficou só aí. Certa, como os Esteves, de que "uma idéia boa deve poder prover o sustento", ela criou a Planetária Soluções Sustentáveis, uma agência de desenvolvimento de ações, projetos e pesquisas com foco na comunicação para a sustentabilidade.
Maria Zulmira conta que o projeto da consultoria nasceu espontaneamente com o objetivo de agregar muitas das ações que passou a desenvolver sobre o tema como cursos, palestras e workshops, que ministra no Brasil e no exterior. A jornalista é fellow do programa Lead International e membro do conselho do recente Planeta Sustentável, da Editora Abril. Atualmente atua também no comitê consultivo do Projeto Diálogos Sustentáveis, parceria da Associação Brasileira de Lideranças (ABDL) e Governo Britânico e coordena o evento internacional que será realizado no Brasil.
- Sustentabilidade para mim não é a palavra da moda, nem um conceito inatingível - diz Maria Zulmira. - Agir sustentavelmente é saber que o mundo só muda se mudarmos primeiro. Sempre existe uma forma melhor, mais saudável, ética de se fazer um empreendimento.
A AMCE Negócios Sustentáveis, de Ana Esteves e Sérgio Esteves, primeira consultoria brasi- leira de gestão estratégica, está completando 10 anos e é especializada em sustentabilidade e responsabilidade corporativa. Hoje, no seu portfólio de clientes estão empresas de grande porte como Visanet, Banco Real, Sadia, Votorantin Celulose, Avon e a FGV - com a qual realizaram os fóruns de sustentabilidade, num total de 16 eventos que foram depois publicados em livro.
(Por Regina Neves,
Jornal do Brasil, 25/06/2007)