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emissões de gases-estufa
2007-06-25

Após ter amargado na reunião do G8 (o grupo dos países mais ricos do mundo), no começo do mês, uma declaração morna sobre o que fazer para conter o aquecimento global, a União Européia acelerou sua ofensiva diplomática para tentar salvar o acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto a partir de 2013. Os europeus querem engajar principalmente os gigantes do Terceiro Mundo a adotarem compromissos obrigatórios (dos quais hoje estão isentos) num acordo mais ambicioso que o de Kyoto. Os termos desse acordo começarão a ser definidos em dezembro, em Bali, durante a reunião da Convenção do Clima das Nações Unidas.

Para a UE, a meta é clara: 50% de corte nas emissões de gases de efeito estufa até 2050. Parte dessa ofensiva acontece no Brasil, com a visita ao Itamaraty do embaixador britânico para o clima, John Ashton. Ele já esteve na China, hoje o maior poluidor do planeta, e se encontra hoje com seu equivalente brasileiro, Sérgio Serra. Ashton diz que veio mais para ouvir do que para falar, mas tem um recado para o governo Lula: as negociações internacionais sobre o clima não podem terminar como as da Rodada Doha, de liberalização do comércio, que foram a pique na semana passada -devido a impasse entre Brasil, UE e EUA. "Não podemos é acabar na dinâmica do "você primeiro". Precisamos de uma dinâmica do "eu também'", afirma.

Em entrevista à Folha, Ashton diz que a transição para uma economia de baixa emissão de carbono é "o projeto diplomático mais ambicioso já tentado", mas que "ainda não demos o verdadeiro empurrão de que ele necessita". Sobre a resistência dos EUA, principal culpada pelo acordo pífio do G8, Asthon diplomaticamente alfineta: "Os EUA são mais do que a atual administração". Leia a seguir a entrevista.  

FOLHA - Como o sr. avalia a declaração do G8 sobre o clima feita na cúpula de Heiligendamm, Alemanha, no começo do mês?
JOHN ASHTON -
Deixe-me dizer algumas coisas. Um, nós não podemos subestimar a escala e a urgência do que estamos tentando fazer. Esta é uma questão de reestruturação fundamental da economia. Por isso não estamos progredindo tão rápido quanto desejaríamos. Heiligendamm marca um momento importante nesse processo, mas não devemos superestimar o quanto representou de avanço. Nós agora entramos num momento de diplomacia muito pesada. Este é o projeto diplomático mais complexo e mais ambicioso que já foi tentado. Mas ele está apenas começando, e ainda não demos o verdadeiro empurrão de que ele necessita. E o problema disso é que a característica definidora da mudança climática é sua urgência. Não podemos nos dar ao luxo de demorar para obter a transição para uma economia de baixa emissão de carbono. Os prazos são dados pela natureza. Não quero dizer que seja impossível: temos a tecnologia e temos o capital. Mas não devemos nos iludir de que demos o empurrão político necessário.

FOLHA - A resistência dos Estados Unidos foi quebrada?
ASHTON -
Os Estados Unidos são mais do que a atual administração. E eu acho que a coisa mais significativa nos EUA é a maneira como o debate sobre o clima mudou no último ano ou dois. E hoje você vê iniciativas estaduais, como na Califórnia, e transições em algumas das maiores empresas dos EUA. O Congresso dos EUA também tem desempenhado um papel bastante ativo após as últimas eleições legislativas. Esse quadro dinâmico não ocorre só nos EUA: nas últimas semanas, vimos grandes novas declarações políticas da China, que agora tem um programa nacional de mudança climática, e da Austrália. Hoje você tem [o premiê australiano] John Howard abraçando o comércio de emissões, e isso era algo que se achava impossível um ano atrás.

FOLHA - Que mensagem o sr. está trazendo ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil?
ASHTON -
É uma vergonha dizer, mas eu não dediquei muito tempo ao Brasil até agora. Estamos numa fase crítica dessas conversas e quero saber como o Brasil vê essa dinâmica. Eu quero ver particularmente como as percepções das pessoas no Brasil que se preocupam com a mudança climática se relacionam com outras áreas da política pública que são relevantes para o que podemos obter na mudança climática. Nós acabamos de assistir ao fracasso das negociações sobre comércio [na Alemanha]. Qual é o significado disso para o clima e quais são as relações entre as políticas de clima e de comércio? O governo brasileiro vem dizendo há algum tempo que precisamos de padrões tecnológicos para biocombustíveis. Como usar essa proposta como uma força construtiva para uma transição para uma economia de pouco carbono?

FOLHA - A diplomacia brasileira tem atuado até aqui com base no princípio de que os países ricos são responsáveis pelo problema, portanto, a responsabilidade de agir é mais deles. O sr. acha que esse princípio ainda vale?
ASHTON -
Todos nós temos um interesse maior, que é atingir essa transição. Ninguém se beneficiará se ela não for alcançada. O que nós não podemos é acabar na mesma dinâmica que tivemos nas negociações sobre o comércio, que foram fundamentalmente uma política do "você primeiro". Precisamos de uma política do "eu também". De outra forma, passaremos todo nosso tempo discutindo quem deve assumir que parte do ônus, e isso não funciona.
(Por Cláudio Ângelo, Folha de S. Paulo, 25/06/2007)


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