As audiências públicas realizadas nesta semana sobre a usina nuclear de Angra 3 foram positivas porque permitiram à população ter maiores informações sobre o projeto. Essa foi a avaliação feita por Antonio Cordeiro, presidente da Associação de Moradores das Comunidades de Sertãozinho e do Frade, localizadas no entorno da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis.
“Eu acho que as pessoas hoje têm maior esclarecimento sobre a questão do projeto nuclear, entendem a necessidade de construção de Angra 3 para o desenvolvimento da energia nuclear no Brasil, como também para suprir a necessidade de energia que já é grande no país e com certeza, no futuro, será maior ainda. Um país sem energia não vai ter empreendimentos, nem futuro”, avaliou Cordeiro.
As audiências foram realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nos dias 19, 20 e 21, nos municípios de Angra dos Reis, Parati e Rio Claro, respectivamente. Cordeiro participou das três audiências e das 14 reuniões públicas promovidas anteriormente sobre a usina.
"A comunidade da região está angustiada, esperando que isso [a construção da usina] aconteça o mais rapidamente possível. A sensação que a gente tem aqui é a de que Angra 3 vai resolver os problemas das pessoas, pelo menos durante os próximos seis anos. O pessoal está esperando com ansiedade o anúncio da construção", disse Cordeiro.
O principal problema que o presidente da Associação de Moradores de Sertãozinho e do Frade espera ver solucionado pela usina diz respeito ao desemprego: “A região sofre muito com isso. Nós não temos nenhum empreendimento grande sendo colocado aqui”. Além de representar a contratação de grande contingente de mão-de-obra, o projeto, segundo Cordeiro, abre para os jovens da região a oportunidade de serem operadores das demais usinas em operação (Angra 1 e 2).
Outros benefícios, como saneamento básico e construção de um hospital regional, foram abordados nas audiências e estão previstos sob a forma de compensação que será dada pelos empreendedores do projeto. “O pessoal tem certeza de que a contrapartida vai ajudar a resolver alguns problemas existentes”, disse.
Cordeiro informou ainda que há preocupação com o fluxo migratório que poderá ocorrer para a região, por isso os sindicatos se mobilizam para criar um comitê que será responsável pela fiscalização da mão-de-obra a ser contratada para o projeto. O comitê funcionará junto à Eletronuclear, a estatal responsável pela construção e operação das usinas nucleares no Brasil.
(Por Alana Gandra,
Agência Brasil, 23/06/2007)