Tipo de trabaho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Instituto de Engenharia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP)
Ano: 2005
Autora: Thamy Quintanilha Pinto
Resumo:
O uso de efluentes domésticos anaeróbios na agricultura surge como alternativa de destino para o efluente tratado, visto que este possui características físico-químicas vantajosas para a agricultura, ao mesmo tempo em que possui concentrações que extrapolam os padrões de lançamento nos cursos de água. Neste estudo, o efluente anaeróbio foi utilizado para irrigação da cultura do milho, por meio de um sistema de sulcos rasos de infiltração, tendo como objetivo a determinação de taxas de aplicação que sejam convenientes, do ponto de vista sanitário e agronômico, à proteção dos aqüíferos subterrâneos e à produção de colheitas. Para tanto, foram investigadas três lâminas hídricas correspondentes às profundidades de irrigação de 0,20, 0,40 e 0,60 m, para os tratamentos irrigados com efluente (com e sem desinfecção), irrigados com água e fertilizantes, e, irrigados apenas com água (sem fertilização). O experimento foi conduzido durante quase 3,5 anos, empregando o cultivar AG 405 para as safras de verão e, o cultivar BR 106 para as safras de inverno. Foram monitorados os líquidos lixiviados nas profundidades 0,25, 0,50 e 0,75 m para os tratamentos – sendo que na última etapa os estudos foram mais direcionados ao tratamento com efluente desinfetado, complementando a pesquisa com uma avaliação global do projeto. Os resultados para a água subterrânea foram incluídos também e, foram utilizadas matrizes de Leopold (adaptadas) como método de avaliação dos impactos ambientais. A fertilidade do solo foi avaliada por meio de análises químicas de rotina, no final de cada safra, na linha de plantio e, nos sulcos de irrigação. A produtividade da cultura foi avaliada pelo peso de grãos secos a 65oC; peso dos grãos secos a 105oC (13% de teor de água); e peso de 1000 grãos a 13% de teor de água. Também foram determinados os teores totais dos metais Cd, Cr, Cu, Ni e Zn, em folhas, grãos e líquidos lixiviados, em algumas safras. Os resultados indicam que o reúso agrícola é, sem dúvida, vantajoso tanto no aspecto sanitário quanto no agronômico. As variáveis físico-químicas do efluente consideradas insatisfatórias no tratamento anaeróbio podem trazer benefícios ao sistema solo-planta. O tratamento com efluente desinfetado foi a melhor opção, produzindo a menor quantidade de impactos negativos – principalmente no aspecto sanitário (vantagem de 26,4%), com destaque para a redução do nitrato respeitando os padrões de potabilidade (10 mg L-1); a produção de grãos foi semelhante ao tratamento irrigado com água acrescido de fertilizantes (diferença de 7,8%), sendo que as parcelas irrigadas com lâmina de 0,40m obtiveram as melhores produtividades. A principal vantagem da desinfecção do efluente anaeróbio é a redução/remoção de microrganismos patogênicos em relação à concentração inicial do esgoto. Em vista dos resultados obtidos na pesquisa, de maneira geral, conclui-se que o reúso é viável, desde que sejam tomadas precauções quanto aos impactos de origem sanitária, principalmente relacionados ao nitrato, metais e microrganismos contaminantes.