Seis das vítimas tiveram de 80% a 90% do corpo atingido por queimaduras de segundo e terceiro grau Um acidente em uma empresa de manutenção e reforma de botijões de gás deixou nove pessoas feridas em estado gravíssimo ontem à tarde em Canoas. Às 23h30min, três da vítimas se encontravam em situação estável. As outras seis tiveram de 80% a 90% do corpo queimado e corriam risco de vida. As queimaduras são de segundo e terceiro grau.
O acidente ocorreu pouco antes da 16h, no pátio da empresa Nova Protecin Requalificadora de Cilindros, no bairro São Luiz. Quando os bombeiros chegaram, havia apenas alguns focos de incêndio. - A empresa faz montagem e desmontagem de cilindros descarregados, mas sempre sobra algum gás no interior dos botijões, que acaba se dispersando no ar. A fagulha provavelmente veio dos equipamentos utilizados no trabalho. A perícia determinará a origem, mas deve ter havido alguma falha - disse o capitão dos bombeiros Julimar Fortes.
O episódio convulsionou a rotina do Hospital de Pronto Socorro de Canoas. Todos os médicos foram direcionados para o atendimento aos queimados, e se deixou de admitir outros pacientes no estabelecimento. O diretor-médico, João Albino Potrich, contou que os seis feridos em estado mais grave tiveram queimaduras de terceiro grau em praticamente todo o corpo, incluindo a face e as vias aéreas. Havia suspeita também de dano pulmonar. Os seis pacientes estavam em coma.
- Uma pessoa pode ter 60% do corpo queimado, mas se as vias aéreas não foram queimadas, pode respirar bem. Para esses queimados com as vias aéreas atingidas, a situação é dificílima, porque fica complicado garantir a respiração por entubamento. Foi uma correria, mas conseguimos fazer isso e hidratá-los. Nossa desafio é mantê-los vivos. Só depois veremos as conseqüências. Foi uma prova para nós - disse Potrich.
Cinco feridos foram transferidos de Canoas As 10 vagas na UTI do hospital se achavam ocupadas. Os três em quadro estável foram para a Unidade de Queimados do Hospital Cristo Redentor, na Capital, que também recebeu, em sua UTI, dois pacientes com 90% do corpo queimado. Um outro paciente foi encaminhado ao Hospital da Unimed em Canoas.
Um funcionário que estava no interior do galpão da empresa na hora do acidente contou que ouviu uma grande barulho no pátio lateral, onde parte dos operários trabalhava: - Corri para lá e vi fogo e botijões queimando. Alguns dos colegas estavam ainda conscientes. Um deles ainda me disse duas ou três palavras. Falei para ele orar, porque era a hora de ter fé em Deus.
O funcionário, que considera o serviço perigoso e ficou chamuscado em um acidente no local, pediu para não ser identificado. ZH esteve na Nova Protecin e encontrou os portões fechados. Um homem que se identificou como zelador afirmou que o proprietário não estava e que não poderia ajudar .
(Por Itamar Melo,
ZH, 22/06/2007)