O presidente da Argentina Néstor Kirchner voltou a responsabilizar as empresas pela crise energética no país. Mas desta vez ponderou que a onda de frio e o congelamento das bacias que abastecem as represas hidrelétricas ajudam a aprofundar o problema. Kirchner aproveitou para anunciar que em 30 dias vai assinar com a Bolívia um acordo para a ampliação do gasoduto do Nordeste, o qual permitirá a ampliação da importação de gás boliviano.
Atualmente, a Argentina importa 4,6 milhões de metros cúbicos diários de gás da Bolívia, mas o contrato com aquele país permitiria um volume de 7,7 milhões de metros cúbicos por dia. Nos próximos 20 anos, a importação prevista é de 27,7 milhões de metros cúbicos diários. No entanto, o governo de Evo Morales já avisou que não pode aumentar o volume de suas exportações devido à falta de investimentos e à demanda interna de seu país.
Os diplomatas da Argentina e da Bolívia negociam um encontro entre os dois presidentes na próxima semana, durante a cúpula do Mercosul, em Assunção, Paraguai. Na ocasião, Kirchner deverá pedir um aumento das exportações de gás boliviano. Em troca, Kirchner assumirá o compromisso de conseguir os investimentos necessários para que a Bolívia possa aumentar seus envios de gás à Argentina.
Na quarta-feira, 20, Kirchner fez uma dura advertência contra as empresas argentinas de distribuição de energia e de gás ao dizer que o Estado iria atuar como "polícia" na fiscalização de suas atividades. Para o Governo, a culpa pela escassez de energia é das concessionárias que não fizeram os devidos investimentos no momento adequado.
(Por Marina Guimarães, Estadão, 22/06/2007)