O desaparecimento das águas de um lago na Patagônia chilena que surpreendeu a população, responderia a um fenômeno freqüente na região, segundo especialistas. O lago de 320m2 que sumiu em menos de dois meses, de acordo com o relato de funcionários da Corporação Nacional Florestal do Chile (Conaf), está localizado na zona austral do fiorde Témpanos na Patagônia chilena, 2.200 km ao sul de Santiago.
O desaparecimento repentino de suas águas não é, no entanto, "novidade", explicou à AFP o geólogo da Universidade do Chile, Carlos Palacios. "É acontecimento comum na Patagônia", disse. O glaciologista do Centro de Estudos Científicos da cidade de Valdívia, Andrés Rivera, coincidiu com o especialista: "não estou dizendo que aconteça todos os dias, mas como está numa zona dinâmica, lagos podem ser formados e eventualmente desaparecer.
Funcionários da Conaf realizaram no dia 27 de maio uma expedição de rotina à região, de difícil acesso. Em vez de água, foi observado no local uma enorme cavidade de 30 metros de profundidade, com as paredes apresentando rachaduras e, entre elas, enormes pedras de gelo.
O esvaziamento do lago, segundo Palacios, se deveria à pressão da água represada sobre uma espécie de "cortina" ou "muro" de gelo e rocha que, neste caso, teria cedido, provocando um aluvião violento e o posterior enxugamento. A força da água seria capaz de romper uma cortina de gelo mais frágil, comentou.
Há uma outra série de hipóteses sobre as possíveis causas do esvaziamento do lago, entre elas o terremoto ocorrido há dois meses no Fiorde de Aysén, 1.700 km ao sul da capital chilena. Mas Palacios descarta a possibilidade de atividade sísmica explicando que apenas poderia ter acelerado o fenômeno que aconteceria de qualquer modo. A Conaf encomendou um estudo para determinar as causas do fato, que deve estar concluído em um mês.
(AFP, 21/06/2007)