Oficiais federais do meio-ambiente de Manhattan enganaram moradores de bairros sobre a extensão da contaminação de seus apartamentos depois do colapso do World Trade Center, segundo um relatório preliminar publicado na quarta-feira (20/06) pelo Departamento de Prestação de Contas do governo. Segundo o relatório, tornado público durante uma audiência do subcomitê do Senado, a Agência de Proteção Ambiental não deu os resultados precisos de um programa de limpeza residencial feito em 2002 e 2003. Mais de quatro mil apartamentos da parte baixa de Manhattan foram descontaminados profissionalmente nesse programa, e a agência reportou que somente um número “muito pequeno” de amostras de ar tiradas das residências mostrou índices inseguros de asbesto.
Mas a agência não explicou que 80% das amostras de ar foram tiradas depois que os apartamentos haviam sido limpos. “Isso foi enganador”, disse John B. Stephenso, diretor da divisão de recursos naturais e meio-ambiente do Departamento de Prestação de Contas do governo, um braço investigativo do Congresso. Ele falou depois de testemunhar em uma audiência do subcomitê do Superfund e Saúde Ambiental do comitê do Senado sobre meio-ambiente e serviços públicos, que está revendo a resposta do governo aos assuntos de saúde e ambientais no ground zero.
O relatório concluiu que a informação enganosa fez com que os moradores tivessem uma impressão errônea sobre o risco. Como resultado, somente 295 moradores e donos de apartamentos pediram para participar de um novo programa de limpeza residencial antes que as inscrições acabassem em março. Esse número representou somente uma pequena parte dos 20 mil apartamentos que poderiam participar.
“Moradores estão compreensivelmente relutantes em participar no que eles consideram ser uma perda de tempo”, disse a senadora Hillary Rodham Clinton, que liderou a audiência do subcomitê. Clinton, que foi crítica da resposta federal aos assuntos de saúde relacionados ao 11/09, disse que as informações no relatório forneciam “uma imagem muito diferente do que a Casa Branca gostaria que acreditássemos”.
Susan P. Bodine, administradora assistente da agência ambiental do Departamento de Lixo Sólido e Respostas a Emergências, se recusou a comentar o relatório. “Eu teria que checar novamente os números”, ela disse em uma entrevista. A audiência de quarta-feira foi a primeira a olhar na resposta ambiental da administração ao desastre desde que os democratas passaram a controlar o Congresso. Christie Whitman, a administradora da agência desde 2001, irá dar um depoimento em uma audiência do comitê na Câmara nesta segunda-feira sobre como ela lidou com o desastre e a maneira que ela comunicou o risco ao público.
Também na quarta-feira, Clinton anunciou que um subcomitê de apropriações do Senado incluiu US$55 milhões em uma proposta de orçamento para 2008 para exames e tratamento de pessoas expostas à poeira do ground zero. O dinheiro ia, pela primeira vez, cobrir residentes da parte baixa de Manhattan. A medida também exigiria que o Departamento de Saúde e Serviços Humanos desenvolvesse um plano de exame e tratamento a longo prazo.
(Por Anthony DePalma, The New York Times, 21/06/2007)