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biodigestores
2007-06-22

Saji Das sonha com o dia em que a população do Estado de Kerala, no extremo sul da Índia, competirá por restos de comida e outros lixos orgânicos em decomposição, em lugar tapar o nariz e apressar o passo para deixá-los para trás. Das desenvolveu biodigestores de matéria orgânica capazes de tratar diferentes tipos de resíduos. É um pioneiro em Kerala, Estado que pode mostrar índices de desenvolvimento humano semelhantes aos do mundo rico mas tem um longo caminho pela frente quando se trata de dispor cientificamente do lixo.

Os biodigestores são tão eficientes e “limpos” que a Biotech, a organização não-governamental que Das dirige, está entre os finalistas deste ano do prêmio Ashden, da Grã-Bretanha, também conhecido como Oscar Verde. Tudo começou em 1994, quando Das, cansado de ver montanhas de restos de comida em decomposição, cheios de moscas, ratos e outros bichos portadores de enfermidades, decidiu fazer algo a respeito. Sua estratégia foi simples: buscar um mecanismo barato e respeitoso em relação ao meio ambiente para transformar em metano e fertilizante o que parecia uma inesgotável fonte de rica matéria orgânica.

Quando encontrou o digestor adequado para os resíduos de comida, Das só teve de usar seu olfato para encontrar os maiores lixões nas zonas urbanas do Estado. Encontrou o equivalente a uma mina de ouro em Kadakkal, no distrito de Kollam, onde uma usina integrada de reciclagem processa atualmente uma tonelada de lixo por dia para produzir três quilowatts de eletricidade, suficiente para alimentar 120 luminárias.

“O fato de a população de Kadakkal se preocupar com o acúmulo de lixo foi de grande ajuda para o sucesso do projeto da Biotech”, disse à IPS M. Nacer, um integrante da panchayat local, a assembléia formada por cinco membros de respeito da comunidade. O lixo é separado manualmente conforme seu tipo: resíduos líquidos, sólidos biodegradáveis e materiais recicláveis como vidro, plástico e metal. Para a unidade de produção de metano, as matérias-primas mais valiosas são os resíduos líquidos, que incluem sangue e efluentes do matadouro local. Esse material é processado por um pré-digestor que otimiza a ação das bactérias.

A usina de reciclagem da Biotech está preparada para tratar todo tipo de lixo gerado por mercados, matadouros e cozinhas de restaurantes, com o qual obtém biogás para produzir combustível, eletricidade para iluminação publica ou fertilizantes. “O custo deste tipo de usina é de aproximadamente US$ 40 mil, tal como demonstra a experiência de Kadakkal, cuja panchayat foi a primeira do Estado que optou por produzir eletricidade a partir de lixo sólido”, disse Das, que planeja instalar outras 10.

“As usinas de processamento dos mercados de pescado e matadouros não estão preparadas para tratar folhas secas e plantas”, explicou Das. “A matéria vegetal rica em fibra cria uma capa de sujeira nas usinas de biogás, o que reduz sua eficiência. Queimar os desjetos em um incinerador gera contaminação. A solução é aplicar diferentes tecnologias na etapa apropriada”, acrescentou. Em Kadakkal não se desperdiça nada. A água é extraída e reciclada para ser enviada novamente aos matadouros, onde a utilizam para a limpeza. A eletricidade produzida pela usina se usa para alimentar todos os equipamentos, enquanto o biogás fornece o combustível consumido pelo incinerador.

A usina de tratamento de Sreekaryam, na periferia de Thiruvananthapuram, a capital estatal, é o orgulho da Biotech. Tem capacidade para processar diariamente 250 quilos de lixo para produzir três quilowatts de eletricidade. A. P. Murali, presidente da panchayat de Sreekaryam, disse que “o lixo de pescado, frutas e vegetais gerados no mercado são transformados em gás metano. A água que se utiliza é reciclada e enviada novamente à unidade. O metano alimenta o gerador de eletricidade usado para iluminação pública. O custo total da usina foi de US$ 17 mil.

A Biotech prospera graças aos dejetos humanos. Kumbalangi, localidade declarada vila turística modelo no distrito litorâneo de Ernakulam, tem 140 usinas projetadas para funcionar utilizando resíduos de esgoto. Os métodos da empresa têm várias vantagens sobre os sistemas centralizados de disposição de lixo. Não há problemas de coleta e transporte, a manutenção pode ser feita no local e as usinas são ampliadas ou reduzidas de acordo com a necessidade do consumidor. A versão para uso doméstico requer apenas o espaço de um metro quadrado e processa resíduos sólidos e líquidos simultaneamente.

Em Vizhinjam, 575 casas possuem processadores de lixo instalados pela Biotech e há uma longa lista de pedidos. “Depois de instalar as usinas, as pessoas ficaram em condições de economizar grande quantidade de dinheiro que antes gastavam com gás natural comprimido importado para cozinhar”, afirmou o presidente da panchayat de Vizhinjam. “Agora estamos procurando instalar uma grande usina de reciclagem de Kovalam, capaz de processar a tonelada de lixo gerada diariamente pelo setor do turismo”, acrescentou.

A ambientalista Sugathakumari disse que os biodigestores beneficiam Kerala. “As autoridades locais não fizeram nenhum tipo de planejamento. Não sabem com utilizar os resíduos biológicos efetivamente e gastam milhões de dólares na coleta de lixo”, afirmou. “As usinas integradas de reciclagem resolvem o problema da disposição de lixo e ao mesmo tempo produzem gás para cozinha, eletricidade e fertilizante orgânico. O que mais podemos pedir?”, perguntou Sugathakumari.
(Por Hari Krishnan, Envolverde, 21/06/2007)


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