Estudo do Instituto Socioambiental com fotos de satélite, de 1989 e 2003, dos seis reservatórios que compõem o Sistema Cantareira revelou que 73% das áreas de preservação permanente dessa região estão degradadas por algum tipo de atividade humana. São áreas como margens de rio e de represa, que deveriam estar cobertas de vegetação mas estão peladas.
O Cantareira é responsável pelo abastecimento de metade da região metropolitana de São Paulo. É considerado também o que produz uma das águas de maior qualidade em comparação a outros sistemas como o da Guarapiranga e Billings. Estes exigem maior quantidade de produtos químicos para limpar a água porém têm cobertura vegetal de 35% e 40%, respectivamente. No Cantareira, é 27%.
“Essa situação foi o que mais nos surpreendeu”, diz Marussia Whately, uma das responsáveis pelo estudo intitulado “Cantareira 2006 - Um Olhar Sobre o Maior Manancial de Água da Região Metropolitana de São Paulo”, que será lançado nesta quinta-feira, 21.
Para Marussia, o fato de a maior parte desse manancial estar localizado em área não-urbana seja o maior motivo para explicar o porquê a qualidade da água se manter alta. “Mas é uma situação que exige muita atenção porque não temos condições de encontrar outro sistema com essa capacidade caso se torne inviável”, diz a ambientalista.
A maior preocupação está concentrada na Barragem Paiva Castro, o último reservatório do sistema, destino da água que vem de uma represa para outra, por meio de túneis cortando morros, da Jaguari até São Paulo. “A ocupação urbana de moradias irregulares avança rapidamente, comprometendo a qualidade da água”, afirma.
A situação foi retratada em março em reportagem do Estado baseada em documentos internos da Sabesp. “Mas não é só isso”, alerta Marussia. “Há um crescimento espantoso do número de condomínios de casas de veraneio nessa região, uma ocupação não menos desordenada”, diz. Entre outras ameaças reveladas no estudo, está a expansão industrial e de áreas de reflorestamento.
(Por Sérgio Duran,
Estadão, 20/06/2007)