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proteção da vida marinha
2007-06-21

Nenhuma baleia foi capturada dentro do programa de caça comercial da Islândia desde outubro passado. Mas a partir de abril foram caçadas 26 baleias mink com base no programa de caça científica do Instituto de Pesquisas Marinhas. Em um período de duas semanas, sete baleias de barbatana (de uma cota de nove) e duas mink (de um máximo autorizado de 30) foram caçadas dentro do programa de captura comercial.

"Os caçadores trabalham para nós, e só começarão a capturá-las com fins comerciais depois de finalizado nosso programa, o que deve ocorrer dento das próximas semanas", disse Droplaug Ólafsdóttir, do Instituto de Pesquisas Marinhas. Falta ainda caçar 13 baleias mink dentro do programa do Instituto. Gunnar Berg Jonsson, da Associação de Caçadores de Baleias Mink, confirmou. “Deixaremos de trabalhar com o Instituto no dia 21 de junho, mas um de nossos barcos será usado para capturar cinco baleias a serem investigadas em setembro”, acrescentou. “Esperamos começar a caçar comercialmente a partir de julho, embora ainda não esteja claro se completaremos a cota. Se for divulgada outra para o ano seguinte de pesca, continuaremos caçando baleias mink até quase o final de outubro”, ressaltou.

Porém o destino das baleias de barbatana ainda não está claro. Principalmente, depende da venda carne, que por sua vez depende dos resultados da análise química para detectar possíveis contaminantes. Supunha-se que os testes demorariam apenas de dois a três meses, mas ainda não estão prontos todos os resultados. “Um comprador da carne está disponível uma vez que todos os resultados estejam na mesa”, disse Kirstján Loftsson, da companhia baleeira Hvalur, que caça a variedade de barbatana. O ministro da Pesca, Einar K. Gudfinnsson, se mostra reticente a tomar uma decisão sobre aumento das cotas de caça até que se confirme que haverá compradores para a carne. E embora Loftsson acredite encontrá-los, muitos outros se mostram céticos.

Loftsson havia dito à IPS não acreditar que a caça comece antes de julho. Mas também acrescentou que “não vale a pena caçar somente duas baleias de barbatana. Precisamos de uma cota extra. Se não conseguirmos, não continuaremos”, explicou. Gudfinsson enfrenta alguns membros da nova coalizão governante, especialmente o ministro de Meio Ambiente, Thórun Sveinbjarnardóttir, que se opõe persistentemente à caça da baleia. Três ministros da coalizão anterior também expressaram dúvidas sobre a decisão, alegando que prejudicava a imagem da Islândia.

O programa de caça comercial de baleias da Islândia atraiu muita atenção, além de controvérsia, desde sua implementação. Inicialmente, vários ministros foram bombardeados com e-mails de pessoas deplorando a decisão da Islândia. Vinte e cinco países, entre eles 15 europeus e vários latino-americanos, enviaram queixas oficiais ao país. E vários empreendimentos culturais e empresariais foram cancelados. Muitos operadores turísticos, incluindo agências de viagens no exterior, perceberam que potenciais viajantes seriam atingidos negativamente pela má publicidade da atividade baleeira.

Discover The World (DTW), uma dessas companhias, disse em seu site na Internet que discordava da decisão da Islândia de reiniciar a captura comercial de baleias. “Entretanto, deixamos claro que o setor turístico islandês também está contra a caça de baleias e que é a principal força contra essa prática na Islândia”, disse Clive Stacey, diretor-administrativo da DTW. “Portanto, ao apoiar o turismo para a Islândia não se apóia a caça de baleias. Esse ponto de vista é amplamente aceito e os turistas, em geral, reservam lugares ali sem nenhum problema”, acrescentou.

De fato, a entrada de turistas aumentou nos últimos anos e também neste ano. Mas, isso não surpreende, pois há vôos disponíveis a partir de muitos mais aeroportos e também houve queda nos preços. Organizações ambientalistas reagiram diante da caça comercial pela Islândia. Muitos dos e-mails recebidos pelas autoridades foram fomentados por instituições com Greenpeace, Sea Shepherd e Fundo Internacional para a Proteção dos Animais e seu Habitat (IFAW). Algumas anunciaram iminentes boicotes aos produtos desse país.

A Sea Sherpherd, com sede nos Estados Unidos, enviou sua embarcação Farley Mowat à Islândia para a chamada Operação Ragnarok. A companhia é famosa na Islândia por ter afundado a metade da frota baleeira do país em 1986. A organização protesta tanto contra a caça comercial quanto contra a científica. Embora a Sea Shepherd já não seja tão radical quanto era em 1.986, Gudfinsson disse a um jornal que os ativistas seriam recebidos “como qualquer outro terrorista”. Uma pesquisa feita em fevereiro pelo IFAW e pela Associação para a Conservação da Natureza da Islândia mostrou que 40% dos islandeses se opunham ao reinicio da caça comercial de baleias.
(Por Lowana Veal, IPS, 20/06/2007)


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