"Muita coisa ruim está sendo feita na Amazônia e é, por isso, que a natureza está ficando furiosa". Foi o que disse terça-feira o índio Jecinaldo Saterê-Mawe, dirigente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) durante cerimônia de lançamento, no Hotel Mercure, do II Encontro dos Povos da Floresta, que vai se realizar de 18 a 23 de setembro próximo em Brasília reunindo mais de 10 mil índios, seringueiros, ribeirinhos e outros povos da floresta amazônica.
O índio Jecinaldo abriu a cerimônia onde se encontravam a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e representantes do Banco Mundial, da Unicef, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), governos do Acre, Amazonas, Pará e Amapá, ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário, Secretaria Nacional da Juventude e da Presidência da República, além de vários ambientalistas, dirigentes de movimentos sociais e coordenadores de entidades de cooperação nacional e internacional com atuação na Amazônia, todos apoiando o evento.
Anunciando a retomada da Aliança dos Povos da Floresta, que ocorreu durante o primeiro encontro, liderado em 1987 pelo ecologista e seringueiro acreano Chico Mendes, o coordenador da Coiab destacou que o lançamento do segundo encontro representa a reação dos povos da floresta na luta contra o meio ambiente e a miséria que impera entre as populações tradicionais da Amazônia. "O lançamento do encontro significa a reação. Significa dizer que nós não vamos aceitar essas atitudes do poder econômico, do modelo que leva à miséria das populações da Amazônia", disse o índio.
O seringueiro Joaquim Belo, representando o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que forma com a Coiab e o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) as três redes sociais que lideram a aliança dos povos da floresta, disse que a retomada do movimento unificado dos povos da floresta vai representar uma grande luta em favor da preservação da Amazônia e da emancipação econômica e social de seu povo.
"Temos uma força muito grande. Com essa força somada, como está sendo proposto agora, estamos consolidando um grande encontro que vai dar um passo muito grande no sentido de fazer o enfrentamento na disputa tão desonesta e tão perversa que acontece na Amazônia, onde existe a grande riqueza, uma riqueza que está em disputa", disse Belo. Segundo ele, o movimento dos povos da floresta reconhece que têm sido tomadas medidas importantes por parte do governo, mas elas não têm sido suficientes para atender a população da região amazônica.
"Reconhecemos que tem havido por parte do governo medidas importantes, mas não têm sido suficientes, principalmente no que se refere às políticas públicas na implementação das ações. A maioria dos nossos órgãos nas pontas não existe e é no que a gente se apóia para fazer as coisas acontecerem. A retomada das alianças também é para construir alianças com o próprio estado, com os poderes municipais, estaduais e federal", assinalou o representante dos seringueiros.
(Por Romerito Aquino, A Tribuna /
Amazonia.org, 20/06/2007)