O gerente de implementação do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), Antonio Ocimar Manzi, afirmou quarta-feira (20/06), em entrevista à Rádio CBN, que mais de 70% da produção científica divulgada pelo programa contém ao menos um autor brasileiro.
Os dados vêm de encontro ao que o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Luís Adalberto Val, afirmou anteontem, no plenário da Assembléia Legislativa (ALE), durante a reunião da Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso, acerca da produção científica sobre a Amazônia como um todo no planeta.
Não se trata de uma contradição entre os pesquisadores. Ao contrário. Os números de Manzi, segundo ele, mostram que o trabalho desenvolvido pelo LBA dentro do âmbito do Inpa — bem como o apoio do órgão federal a essas pesquisas — estão fortalecendo a identidade nacional do que concerne a pesquisas científicas sobre a Amazônia. Por sua vez, Adalberto Val, anteontem, afirmou que os processos de descrição e interpretação de informações factuais e precisas acerca do funcionamento da Amazônia vêm sendo gradualmente fortalecidos com as ações do LBA.
As declarações de ontem do gerente de implementação do LBA versaram também sobre a problemática da liberação de verbas para o programa. Segundo ele, “o LBA tem um foco muito específico, mas as ações dependem de recursos (financeiros), além dos recursos humanos”. “O LBA é formado por 288 entidades cooperadas em todo o mundo. Por isso, é preciso financiamento para o trabalho avançar”, afirmou Manzi, fazendo coro ao que Adalberto Val ressaltou na ALE. “Não sobra nada para a pesquisa. Não temos dinheiro para desenvolver conhecimentos”, salientou o diretor do Inpa na última segunda-feira, enfatizando que o orçamento anual do Instituto é de R$ 17 milhões, sendo R$ 4 milhões contingenciados pelo governo federal e outros R$ 13 para custeio em segurança, água, luz, telefone etc.
Ação de pesquisa
De acordo com o cientista Antonio Manzi, os pesquisadores do LBA planejam executar no fim deste ano, possivelmente entre os meses de novembro e dezembro, uma atividade de pesquisa conjunta. A meta é avaliar e mensurar, de forma global, gases e aerossóis na Floresta Amazônica.
O projeto é denominado de Balanço Atmosférico Regional de Carbono na Amazônia (Barca/LBA). Segundo relatório do mês passado, divulgado no endereço eletrônico lba.inpa.gov.br/lba, a atividade deve reunir pesquisas lideradas por Paulo Artaxo (USP) e Maria Assunção Dias (CPTEC/USP), além do próprio Antonio Manzi (LBA), entre outros cientistas.
Além do Barca, existem mais de 53 projetos em andamento, conforme última atualização do site do LBA/Inpa, feita em maio deste ano. Os projetos que compõem o Experimento LBA estão agrupados em sete áreas de pesquisa. Todos são coordenados por cientistas brasileiros e vários deles têm colaboração internacional.
(Por Renan Albuquerque,
Amazonas Em Tempo / Amazonia.org, 20/06/2007)