Já faz um ano que o prédio que abrigava a cooperativa ecológica Coolméia, no Bom Fim, em Porto Alegre, fechou as portas. Dois assaltos consecutivos foram o estopim para a crise financeira que assombrava o negócio há anos. Os cooperativados decidiram parar as operações na loja e no restaurante para averiguar a situação e buscar alternativas. As únicas atividades da cooperativa que seguem normalmente são as feiras ecológicas no Bom Fim e no Menino Deus.
A medida, que deveria durar seis meses, completa um ano sem perspectivas. Até agora os associados não conseguiram elucidar muita coisa. Sabem que existe uma dívida trabalhista, que gira em torno de R$ 1,2 milhão, oriunda de uma multa que se multiplicou, e escassa documentação para montar um panorama financeiro. Alguns papéis da administração sumiram após os assaltos em abril do ano passado e outros estão espalhados entre os associados. "É uma dívida impagável, além dos dez anos de documentação para colocar em ordem", lamenta o produtor Ireneu Scheuer, cooperativado há 16 anos.
Entre os associados remanescentes o clima é de desesperança. "Nada avançou. Sinceramente, acho que não vai reabrir e o futuro da cooperativa é incerto", reconhece Jerônimo Carvalho, que atua na organização da feira ecológica, no Bom Fim.
Eles tentaram lançar uma campanha para buscar o apoio de voluntários nas áreas administrativa e jurídica. O SOS Coolméia não decolou. Algumas pessoas se propuseram a ajudar, mas a falta de organização e de local para as reuniões acabou minando a iniciativa. "Poucos se dedicam e, como a feira vai bem, quase ninguém sabe da nossa situação", diz Danilo Paiva, que há 15 anos optou pela alimentação orgânica e é um dos integrantes da comissão que tenta salvar a cooperativa.
Iniciativa pioneiraFundada em 1978, por pessoas que buscavam alimentação livre de agrotóxicos, a Coolméia já foi considerada referência mundial em produção e distribuição de alimentos orgânicos. É formada por três categorias de cooperativados: consumidor, produtor e operacional (quem trabalhava fixamente no entreposto).
No início de 2006, a cooperativa tentava se reerguer de uma duradoura crise econômica. Saiu da tradicional sede na José Bonifácio, defronte ao parque da Redenção, e foi para um novo local, na Osvaldo Aranha, em frente ao Araújo Vianna, onde sofreu dois assaltos consecutivos. Além de levar os alimentos, os ladrões reviram os documentos.
Menos plástico, mais saúdeOs organizadores da Feira da Coolméia promovem duas campanhas de conscientização no mês de junho. Consumidores que trazem sacolas de casa ganham fichas amarelas nas com-pras. Cada 50 fichas dá direito a um vale-compra de R$ 5,00.
Essa é a terceira edição da campanha "Menos plástico, mais saúde", que está mudando o hábito dos agricultores. "Mudamos a prática quase automática de embalar os produtos", comenta o produtor Vilson Stefanosky. A campanha segue até 28 de julho. As fichas podem ser trocadas na Banca do Meio, entre 7h30min e 12h30min.
A outra iniciativa é de um grupo de estudantes da UFRGS, que realiza o projeto "Pinte a sua sacola". Os alunos vendem sacolas de algodão por R$ 5,00 e oferecem, gratuitamente, tintas para pintura. "O objetivo é diminuir o uso de embalagens plásticas", afirma Fernanda Teixeira, do séti-mo semestre de Biologia.
Pedro, de três anos, e a irmã Sofia, de sete, ainda não conhecem os malefícios do plástico para o meio ambiente, mas adoraram a idéia. As crianças não desgrudaram das sacolas, enquanto a mãe fazia as compras.. Ela também aprovou: "É uma maneira divertida de conscientizar".
(Por Helen Lopes,
Jornal JÁ, 20/06/2007)