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2007-06-21

O geógrafo Aziz Ab'Saber afirmou nesta quarta-feira (20/06) no Congresso que o fenômeno do aquecimento global tem sido usado, de forma equivocada, para explicar alterações climáticas que vêm ocorrendo no planeta. Ele participou de audiência pública da Comissão Mista Especial de Mudanças Climáticas da Câmara dos Deputados. Segundo ele, muitas vezes essas alterações estão relacionadas a fenômenos de periodicidade climática, caracterizada por ciclos de seca que se repetem de forma regular. Para o geógrafo, que estuda o impacto do aquecimento global sobre as florestas tropicais, o fenômeno do aquecimento global é uma realidade e exige medidas preventivas, mas algumas projeções, em sua opinião, têm sido excessivamente catastróficas.

Ele afirmou,por exemplo, que não é correto prever a transformação da Floresta Amazônica numa savana em razão do aquecimento global, mas que é necessário tomar medidas mais efetivas para proteger o ecossistema da ação predatória do homem. "A savanização ocorrida na Amazônia foi feita pelos homens: madeireiros, pecuaristas e loteadores. Entre Marabá e Carajás a destruição do ecossistema regional é generalizada", disse o geógrafo.

Maiores investimentos
Aziz Ab'Saber defendeu maiores investimentos nas universidades e institutos de pesquisa para a realização de estudos sistemáticos das mudanças do clima. Ele ressaltou que é necessário um acompanhamento mais preciso nos próximos 30 a 60 anos da elevação do nível do mar. Para entender os fatos climáticos atuais, na opinião do geógrafo, é necessário estudar também as flutuações do nível do mar nos últimos milhares de anos. Ele afirmou que entre 22 mil e 11 mil anos atrás, época da última era glacial, o mar desceu algumas dezenas de metros devido a um grande congelamento de águas marinhas nos pólos norte e sul.

Ele explicou que o planeta começou, há cerca de 12 mil anos, uma transição para climas mais quentes, fenômeno chamado "retropicalização". Entre 6 mil e 5 mil anos atrás, o calor chegou a ponto de elevar o nível do mar em 2,80 a 3 metros, disse o professor. Correntes quentes, capazes de aumentar a evaporação das águas costeiras, empurraram massas de ar úmidas para dentro do continente. Com isso houve um aumento do nível do mar que, segundo ele, estendeu as florestas do litoral para o interior.

Medidas preventivas
O presidente da comissão, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), considerou o depoimento importante e ressaltou a necessidade de se ouvir opiniões diferentes sobre o tema para que as medidas preventivas mais adequadas possam ser adotadas. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu, entretanto, que o Brasil já deve adotar medidas para estimular o uso de veículos de transporte não poluidores, como a bicicleta. O senador informou que em cidades como Berlim, por exemplo, além dos "trams" (ônibus elétricos), o poder público estimula o uso da bicicleta para o transporte. Na Holanda, como em outros países do norte da Europa, a bicicleta é um meio de transporte popular, lembrou o senador.

Já o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) chamou a atenção para a necessidade de proteger os chamados "refugiados climáticos", pessoas que são obrigadas a migrar, expulsas pelo avanço da desertificação ou pela inundação das áreas costeiras e ribeirinhas.
(Agência Câmara , 20/06/2007)


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