As organizações não governamentais têm que manter a capacidade crítica nas relações que estabelecem com o governo e com as empresas privadas para que as soluções não se transformem em "cambalacho". O alerta é do sociólogo Sergio Abranches ao fazer palestra sobre "Democracia,governança de qualidade e a conservação", no V CBUC – Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, que acontece em Foz do Iguaçu até quinta-feira.
"As ONGs, governo e empresas privadas devem repensar o modelo de parceria, criando mecanismos institucionais, redesenhando e planejando cada passo para que o trabalho não fique comprometido", afirmou. Segundo ele, esse é um processo que fará com que uma nova rede de democracia seja implantada, onde o público é público e o privado, privado.
Abranches disse ainda que o Brasil está "normalizando" tudo, com desobediência a lei, em que a sociedade não se manifesta da forma que deveria. "A sociedade brasileira perdeu a sua capacidade de se indignar. Ela fica triste, mas não fica brava. Não é revolucionária. Ela deve abandonar o estado de complacência em que se encontra", recomendou o sociólogo.
Sobre as unidades de conservação, Abranches foi enfático ao dizer que elas são propriedades comuns a todos os brasileiros e não podem ficar nas mãos de populações restritas. "É necessário recuperar o cidadão brasileiro e restituir o patrimônio comum. O acesso às unidades de conservação, sob esse ponto de vista, é democrático e não pode ser visto como uma propriedade privada de poucos", declarou Abranches. Segundo ele, a noção de bem comum não pode ficar comprometida em detrimento de pequenos grupos.
Abranches participou da conferência "Do natural ao social" junto com Jim Barborak, da Conservation International da Costa Rica.
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Agência Folha da Fronteira, 19/06/2007)