As comunidades das florestas brasileiras – como quilombolas, indígenas e extrativistas – deveriam receber incentivos do governo para garantir a preservação do meio ambiente. Essa é uma das propostas que serão discutidas no 2º Encontro Nacional dos Povos da Floresta, previsto para setembro.
Durante o lançamento do encontro, nesta terça-feira (19/06), o vice-presidente do Conselho Nacional dos Seringueiro (CNS), Julio Barbosa de Aquino, disse que as comunidades que vivem na Amazônia dependem economicamente do meio ambiente para sobreviver e por isso não podem destruí-las. Dessa maneira, evitam, por exemplo, a derrubada de árvores e as queimadas, atividades apontadas como causadoras do aquecimento global.
Para que essas populações não abandonem a atividade ou mudem a forma tradicional de exploração sustentável, o CNS propõe que recebam em dinheiro ou incentivos governamentais, por exemplo, uma compensação pela preservação ambiental. A proposta de como será essa compensação e se ela realmente é necessária, segundo Aquino, será discutida no encontro, mas para ele, “quem cuida das florestas precisa ser incentivado”.
O seringueiro sugeriu modelos de compensação como os já existentes, como benefícios de cerca de um salário mínimo, oferecidos pelos governos estaduais da Amazônia e do Acre à população das florestas. Outra opção, acrescentou, seria a valorização econômica dos produtos como a borracha, a castanha e o açaí. “No caso de uma indústria que compre borracha da Amazônia, por exemplo, pode-se embutir no preço do produto o que ela está emitindo dos gases. Nesse caso, o valor do saco, que é de R$ 2, poderia subir para R$ 2,50”, sugeriu.
Adilson Vieira, do Grupo de Trabalho Amazônico, disse concordar com a compensação para as populações das florestas, de alguma forma, pelo “serviço que prestam à humanidade” evitando a emissão de gás carbônico.