Um relatório completo contra as Usinas do Rio Madeira que tem por título: “Nossas terras e nossos rios não se vendem, se defendem!”- foi entregue ao Presidente Evo Morales, na manhã de segunda-feira (18/06), em Guayaramerin, na Bolívia, por ocasião da participação do mandatário boliviano em um fórum organizado por pequenos produtores e agroextrativistas locais. O relatório faz parte das ações dos movimentos das organizações de base da Via Campesina na região, principalmente o MAB-Movimento dos Atingidos por Barragens, o MST-Movimentos dos Sem Terra e o MPA-Movimento dos Pequenos Produtores.
No documento elaborados por essas organizações se alerta que com a redução da velocidade da água serão criadas condições favoráveis ao incremento da malária, à contaminação por mercúrio, saturando os já precários serviços de saúde e saneamento. Representantes de comunidades ribeirinhas brasileiras e bolivianas, que tem na pesca sua principal fonte de renda, presentes ao encontro, atacaram o descaso dos empreendedores com relação ao comprometimento dos ciclos reprodutivos e migratórios das espécies de peixe de grande importãncia para sua cultura e subsistência.
A inviabilização da pesca somada à perda das áreas de cultivo, das matas e das áreas com grande potencial ecoturístico expulsaria milhares dessas famílias para a periferia das cidades, nas quais ficarão sujeitas ao subemprego, à criminalidade e à prostituição.
O movimento em defesa da Bacia do Rio Madeira pedirá ao Presidente Evo Morales que se una à reação coletiva das comunidades do Norte Amazónico boliviano e das comunidades da Amazônia Ocidental brasileira e que “o Governo boliviano mantenha e reforçe sua posição de rechaço a essas obras cujos efeitos desastrosos seus empreendedores se negam a reconhecer.”
Do Governo brasileiro, os movimentos exigem o cancelamento definitivo do processo de licenciamento das represas de Santo Antonio e Jirau, tendo em conta que o próprio órgão licenciador nacional, o IBAMA, já emitiu parecer técnico que comprova a inviabilidade do projeto. O documento final reivindica a anulação do Projeto do Complexo Madeira em sua totalidade, e para tanto anuncia “medidas de auto-defesa e auto-organização do território comum do Rio Madeira.
(Rondonoticias /
Amazonia.org, 18/06/2007)