A paralisação de três obras consideradas essenciais para os Estados sulinos, devido à descontinuidade nos processos de análise de impacto ambiental pela greve do Instituto Brasileiro do Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), é um fator de inquietação e de ameaça ao crescimento. Por sua condição meridional, a Região Sul tende a ser mais vulnerável a dificuldades de abastecimento. Os motivos para preocupação se ampliam pelo fato de essa área exigir grande volume de recursos durante um longo período de execução, o que leva a uma dificuldade natural de cumprimento dos prazos previstos originalmente.
Entre as obras incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e descontinuadas pela reação dos servidores do Ibama à decisão do Planalto de alterar as atribuições da instituição, preocupa particularmente o caso da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó. O empreendimento depende da renovação das licenças ambientais para seguir em frente. A situação não é diferente no caso da Usina Termelétrica III, em andamento, e da Usina Termelétrica Pai-Querê, ainda não iniciada e em relação à qual sequer há prazos claramente definidos.
Para um país que necessita crescer para não perder as oportunidades históricas que a evolução econômica e comercial global lhe proporciona, o quase imobilismo do atual momento brasileiro é um crime contra o futuro. Seja pelas dificuldades impostas pela burocracia, seja pela greve no serviço público, seja pela concentração das atenções nos escândalos, o fato é que nem mesmo as propostas tímidas contidas no PAC conseguem deslanchar. Esses obstáculos laterais retardam a concretização de investimentos em infra-estrutura e prejudicam projetos de longa maturação, que exigem garantias sólidas na área da energia, por exemplo, e que requerem estabilidade jurídica. São fatos como esse que travam o desenvolvimento.
A economia brasileira tem crescido menos do que precisa, em percentual inferior ao das nações do mesmo porte, no continente e fora dele. O país colocou em prática algumas leis fundamentais, como a de Responsabilidade Fiscal, mas ainda está muito lento na elaboração de reformas capazes de destravar a economia e servir de atração para as iniciativas que gerarão renda e empregos.
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Zero Hora, 19/06/2007)