Desde as 11 horas da última sexta-feira (15/06) as atividades da usina termelétrica Mário Covas, em Cuiabá (MT), controlada pela Empresa Produtora de Energia (EPE), estão paralisadas. Problemas operacionais no Gasoduto Bolívia-Brasil forçaram uma redução superior a 50% no volume do combustível que vinha sendo despachado - cerca de 1,1 milhão de metros cúbicos - para 600 mil, quantidade insuficiente para a geração mínima da planta, em 135 megawatts (MW).
Segundo o diretor de Assuntos Regulatórios da EPE, Fábio Garcia, "é estranho que o fornecimento para outras regiões continue normal". Ele lembrou que é a segunda vez que ocorre corte de fornecimento para a usina neste ano. "Temos grandes compromissos a serem cumpridos, não podemos contar com o gás natural um dia sim e outro não", disse Garcia, que afirmou não ter previsão para a solução do problema.
Ele explicou que o Operador Nacional do Sistema (ONS) está solicitando a produção de 480 MW, que é a capacidade da termoelétrica. Ainda segundo ele, com os 2,2 milhões de metros cúbicos de gás natural, a produção seria possível. "Esse volume já foi reduzido para 1,1 milhão de metros cúbicos, sofreu nova pressão neste final de semana, caindo em mais 45%. O resultado é uma queda de 75% no fornecimento de GN (gás natural). Dessa forma somos obrigados a parar as máquinas."
Cemat
A diretoria da Centrais Elétricas Matogrosenses S/A (Cemat) distribuiu nota informando que a paralisação da Usina Térmica Governador Mário Covas, apesar de ser uma importante fonte de suprimento de energia elétrica para Mato Grosso e para o Sistema Interligado Nacional, "não torna necessário ações em relação à restrição de carga (redução do consumo) no Estado".
Entretanto, a produção da termelétrica é um ponto estratégico no sistema interligado. A Mário Covas, segundo Fábio Garcia, pode suprir até 70% do consumo estadual e dessa forma o sistema fica fragilizado, criando a possibilidade de apagões. "Estamos negociando uma forma de fornecimento sem interrupção do gás natural da Bolívia. Se houver suspensões por algum defeito técnico, que ela seja proporcional, isonômica", disse.
(Por João Naves, Estadão, 18/06/2007)