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mst
2007-06-19
Passagem de dirigentes de movimentos sociais e políticos de vários partidos pelo evento marca nova fase de construção de alianças. MST também quer diálogo com sociedade para esclarecimento e apoio a projeto que enfrente predação capitalista.

BRASÍLIA – O 5º Congresso do MST foi uma oportunidade ímpar para um aprofundamento analítico sobre este fenômeno que, surgido há mais de 20 anos como principal herdeiro das lutas camponesas ao longo da história do país, é hoje uma organização nacional sólida cujo escopo político se configurou num dos projetos mais debatidos entre as esquerdas nacionais e latinoamericanas. Grosso modo, o que ficou claro neste encontro que é aquele MST que surgiu para reivindicar o assentamento de trabalhadores expulsos da terra evoluiu para uma proposta mais ampla de luta por transformação social, que, mais que a compreensão da exclusão no campo como problema social, exige das organizações políticas e da sociedade uma participação mais ativa no debate sobre as opções políticas, o modelo de desenvolvimento e o futuro do país. Mas a questão é: o MST tem força e ressonância suficiente para bancar seu novo projeto?

A participação de cerca de 18 mil militantes de 24 estados no maior congresso do MST foi considerada internamente um indício da consolidação do movimento e da aceitação de suas propostas entre os trabalhadores rurais, apesar de todas as campanhas contrárias na imprensa e da ofensiva sofrida por parte do próprio Estado (principalmente Legislativo e Judiciário) - “O MST é como o bolo da vovó, quanto mais se bate, mais ele cresce”, brinca Gilmar Mauro, da direção nacional do movimento em São Paulo.

Por outro lado, o acuamento do debate sobre reforma agrária, capitaneado pelo núcleo duro do governo, apresentou um MST cauteloso e desafiado a criar novos instrumentos para se proteger do atropelo pelo capital agroindustrial, um oponente cada vez mais fortalecido politicamente. Para isso, concluiu o congresso, o movimento precisará de base, apoio político e compreensão.

A bem da verdade, a lógica sobre a qual o MST vem estruturando suas estratégias é simples: o modelo agroindustrial, com suas monoculturas extensivas voltadas à exportação, alta eficiência tecnologia, pouca demanda de mão de obra, respeitada contribuição ao PIB nacional, e sendo uma fusão de dois setores extremamente conservadores – o grande capital e o latifúndio – impõe a idéia de que a reforma agrária é obsoleta, incentiva a commoditificação e privatização dos recursos naturais, e preda o meio ambiente de forma extremamente agressiva. Portanto, tornou-se alvo prioritário do movimento – até por uma questão de simples sobrevivência do campesinato -, assim como são alvos a concepção e a estrutura de apoio político oferecidas pelo Estado.

É neste âmbito que o discurso ambiental passou a se destacar na nova cartilha do movimento. Por um lado, a defesa do planeta contra as inúmeras formas de agressão do capital é uma questão de sobrevivência da humanidade, coloca o MST. Por outro, é um tema que exige e facilita a participação da sociedade.

“Nós não teremos condições de vencer essa batalha [pela preservação] se não conseguirmos atingir o conjunto da sociedade brasileira. É preciso que ela entenda que um pé de eucalipto chega a consumir 30 litros de água por dia do 1o ao 7o ano de vida. Quer dizer, as conseqüências disso são gravíssimas para o meio ambiente. É preciso entender que a monocultura de cana, de eucalipto, destrói a natureza e os recursos naturais, para que a sociedade também entenda, quando fazemos uma ação numa área de eucalipto, por exemplo, o que é que nós estamos fazendo”, afirma Gilmar Mauro.

O dirigente explica, porém, que a adoção da bandeira ambiental, apesar de facilitar o diálogo com outros setores, passou a ser um dos pilares do trabalho de base do MST, como ficou explicitado no documento final do congresso. “A humanidade corre perigo de existência, e é isso que queremos discutir com a nossa base. Enquanto estamos olhando para a nossa terrinha, a conquista do assentamento, estão sendo destruídos recursos naturais em todo mundo. Para o MST, isto é uma questão de fundo, estratégica, não uma questão tática. É a defesa do planeta e de outra forma de produção para a preservação da espécie humana. Vincular esta questão de fundo com a construção de assentamentos que possibilitem esta preservação é uma tarefa que temos que construir inclusive com o nosso povo”.

Alianças
Numa análise mais teórica da conjuntura política, o MST tem aderido à tese de que está se encerrando o ciclo da esquerda brasileira que teve início com a construção do PT e da CUT nos anos 1970, e se exauriu neste governo. A questão é, segundo Gilmar Mauro, se o MST será o último movimento desta velha guarda ou o primeiro de um novo ciclo. E este questionamento parece ser uma das principais diretrizes na busca de instrumentos para o fortalecimento do movimento.

O que se viu no congresso, por um lado, foi que, na luta pela reforma agrária e pela legitimação das ações e bandeiras do movimento, o MST ampliou o leque de “aliados” políticos para além dos tradicionais parlamentares e dirigentes do PT ou de interlocutores no governo federal. Assim, abriu frentes com governos como o de Aécio Neves (PSDB-MG) e Cid Gomes (PSB-CE), fortaleceu laços com Jackson Lago (PDT-MA), recebeu apoio efusivo de Itamar Franco e Roberto Requião (PMDB), e permitiu uma intervenção exclusiva a Jaques Wagner (PT-BA).

Por outro lado, o movimento reafirmou a intenção de aprofundar as articulações com um amplo espectro de forças de esquerda, da CUT ao PSTU, passando pelas organizações da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS). Com estes, o objetivo seria aprofundar o debate sobre um projeto popular para o país. “O congresso tirou como linha política prioritária do MST, para o próximo período, fortalecer as alianças. Existem muitas diferenças nas esquerdas, mas há pontos que são a base para um programa comum, que aponte para soluções estratégicas” explica Mauro. E para deixar clara a relação do MST com Lula, acrescenta: “nós queremos fazer o debate sobre o Estado brasileiro, não sobre o governo. O Estado no conjunto de seus poderes. É no Congresso que estão discutindo retrocessos à legislação trabalhista e previdenciária. É no Judiciário que estão paradas um monte de desapropriações. É um conjunto de ações do Estado brasileiro que impede avanços da Reforma Agrária e aponta para retrocessos”.

Por último, e possivelmente representando o maior desafio para os próximos tempos, o MST quer melhorar as relações com a sociedade em geral. Sob o mote “a reforma agrária é uma luta que toda a sociedade tem que lutar”, o movimento quer se fazer compreender e apoiar através de novas formas de diálogo, ainda não completamente elaboradas. Mas, a principio, a avaliação é que o discurso sobre o suposto isolamento do MST, em função de sua radicalidade, é inconsistente. “O discurso que busca estigmatizar o MST eu ouço desde 1985, quando entrei no movimento. Mas continuamos crescendo, apesar de todas as críticas, algumas justas, outras injustas”, avalia Gilmar Mauro.

Por fim, o MST continuará investindo e avançando nas ações de organização dos sem terra e na luta pela reforma agrária. Em seu documento final, a “Carta do 5º Congresso Nacional do MST”, são detalhados os posicionamentos políticos e as demandas técnicas e sociais, uma vez que o sonho do agricultor ainda é a terra para produzir e viver, e é lá onde bate o coração que irriga o movimento, conclui Mauro.

(Por Verena Glass, Agência Carta Maior, 18/06/2007)

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