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2007-06-19

A China relaxará o veto sobre o comércio de ossos e outros órgãos do tigre, anunciou um dirigente governamental citado nesta terça-feira (19/06), pelo jornal China Daily. A medida, segundo os principais grupos ambientalistas internacionais, pode causar a extinção da espécie. "A proibição não durará para sempre, considerando o que dizem os criadores de tigres, especialistas e a sociedade chinesa", disse Wang Wei, subdiretor do departamento de conservação da vida selvagem da Administração Estatal Florestal.

Na China, os ossos de tigre foram utilizados durante séculos para a medicina tradicional. Mas o país aderiu em 1993 à proibição do comércio de órgãos do animal, estipulado pelos membros da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestre (Cites). No entanto, nos últimos meses os principais parques de criação de tigres no país, entre eles o de Heilongjiang e Guangxi, pediram ao Governo que suavizasse a proibição. Eles sugeriram a comercialização dos ossos dos tigres criados em cativeiro. A medida, dizem, serviria para lutar contra o mercado ilegal. "A criação e o comércio regulamentados poderiam, de fato, beneficiar a sobrevivência do tigre", já que as pessoas "não se arriscariam a ser castigadas por caçar tigres selvagens", opinou Wang.

Segundo o dirigente, as pesquisas chinesas "sugerem" que o comércio com partes de tigres criados em cativeiro não afetará a conservação da espécie em liberdade. Na China já são 5 mil animais criados em cativeiro. O número é quase igual ao total em liberdade no mundo todo. "Seria um esbanjamento não usar os recursos dos tigres mortos na medicina tradicional", ressaltou Wang. Mas as grandes organizações ambientalistas, entre elas WWF, WildAid, Traffic e Projeto Tigre, se opõem firmemente à medida. Em recente comunicado conjunto, as ONGs explicaram que permitir um mercado legal na China poderia proporcionar aos caçadores de toda Ásia um lugar onde "esquentar" os tigres selvagens.

Na semana passada, em sua reunião em Haia (Holanda), os 171 países signatários de Cites, entre eles a China, adotaram uma resolução estabelecendo que "os tigres não devem ser criados para a comercialização de seus órgãos e derivados". A China é o único país do mundo que permite a criação em massa de tigres. São cerca de mil nascimentos por ano. O programa foi criticado em Haia por John Sellar, funcionário da Cites. Na sua opinião, a estratégia tem um "potencial limitado" de conservação.
(Efe, 18/06/2007)


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