Além de um problema ecológico mundial, a crescente desertificação vem aumentando a pobreza e a migração no mundo, sobretudo, na região da América Latina e Caribe. Segundo a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL), das Organizações de Nações Unidas (ONU), mais de 50% da terra desta região está degradada, o que potencia um círculo vicioso nas zonas rurais: superexploração do solo, degradação, maiores exigências para produzir, mais pobreza, insegurança alimentícia, migração.
Um estudo realizado pela CEPAL afirma que no Brasil, Peru, Chile, Venezuela, Bolívia, Colômbia, México, Paraguai, Argentina, Equador, Guianas, Suriname e Belize entre 91% e 63% das terras têm algum tipo de degradação. "Atualmente este processo de degradação de solos afeta de alguma maneira a 1,2 bilhões de pessoas em todo o planeta, que vivem fundamentalmente da agricultura da pecuária. Destas, mais de 200 milhões sofrem diretamente a ponto de ter que abandonar suas terras e emigrar para outras zonas", disse o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon.
No Dia Mundial de Luta Contra a Desertificação, que se celebrou Domingo (17/06), a Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação, aprovada há 13 anos, alerta para a importância de promover a adoção de medidas concretas através programas inovadores de nível local, nacional, sub-regional e regional e de associações internacionais de apoio.
Um dos incentivos da ONU para os países que já não têm programas ou políticas de recuperação do solo veio através do concurso "Experiências em inovação social", organizado pela CEPAL e a Fundação Kellogg, que premiou três iniciativas locais que estão melhorando a vida de seus protagonistas.
Uma destas iniciativas ocorre em Valente, Bahia, zona semi-árida do Brasil, onde um grupo de pequenos agricultor se uniu para produzir artigos de sisal e melhorar a criação de cabras e abelhas. Hoje eles transportam sem intermediários os produtos de sisal aos pontos de venda, têm indústrias que geram 900 empregos e uma escola rural que formou 1.800 alunos. Com isto, a comunidade já conseguiu melhores preços para negociar seus produtos, desenvolvimento da indústria local, criação de créditos para a produção, a permanência de mais famílias campesinas em Valente e a diminuição da pobreza local.
Neste ano, o Dia Mundial de Luta contra a Desertificação traz como tema "A desertificação e a mudança climática - um desafio mundial", o que nos recorda de que a diminuição da desertificação depende principalmente do homem, já que as mudanças climáticas causadoras dos processos de desertificações são influenciadas por atitudes humanas.
"Se espera que em virtude do aquecimento global siga aumentando o número de fenômenos meteorológicos extremos, tais como secas e chuvas intensas, os quais terão um drástico efeito em solos já debilitados. Por sua vez, esta tendência piorará a desertificação e aumentará a prevalência da pobreza, a migração forçada e a vulnerabilidade diante dos conflitos nas zonas afetadas", alerta Ban Ki-moon.
(
Adital, 18/06/2007)