Pesquisadores do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai têm trabalhado conjuntamente para conhecer melhor o potencial do Sistema Aqüífero Guarani. Vários projetos estão em curso para elaborar ações de desenvolvimento sustentável, de monitoramento e de gestão da área.
De acordo com o chefe da Divisão de América Meridional do Ministério das Relações Exteriores, João Luiz de Barros, o sistema é formado por diversos aqüíferos com características distintas. Por isso, é preciso ampliar os conhecimentos sobre eles para que depois sejam pensadas normas de gestão entre os quatro países. “O primeiro passo é saber sobre o que estamos falando para depois criar legislações”.
Um dos programas que estão sendo desenvolvidos é o Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, que pretende elaborar um banco de dados atualizados sobre a área. Além disso, o projeto desenvolve ações no sentido de mobilizar a população para preservação e uso sustentável dessas águas subterrâneas.
Para Barros, o desenvolvimento de estudos entre os quatro países representa uma forma de incentivo para a integração do Mercosul. “Tudo isso faz com que a percepção do lado de lá e do lado de cá da fronteira seja a mesma. É um recurso comum, que todos os países devem ter o direito de utilizar e a obrigação de cuidar”.
As pesquisas do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani são gerenciadas pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e terminam no final deste ano.
Entenda o que é o Aqüífero Guarani
Cerca de 70% da superfície do planeta é coberta por água. Desse total, apenas 2,5% constituem-se de água doce, que pode ser encontrada nos rios, lagos e até mesmo no subsolo. O Sistema Aqüífero Guarani representa uma das maiores reservas de água subterrânea do mundo, com volume estimado em 46 mil quilômetros cúbicos, e está localizado no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Atualmente, essa reserva natural é considerada uma peça importante para a integração dos países-membros do Mercosul. O Guarani encontra-se inserido na Bacia Sedimentar do Paraná e cobre uma superfície de quase 1,2 milhões de quilômetros quadrados. A população na área está estimada em 29 milhões de habitantes.
No passado, as regiões do aqüífero eram tomadas por um vasto deserto. Durante anos, oconrreram vários fenômenos geológicos, como a erupção de vulcões, e a área foi recoberta com lava solidificada. Isso deu origem às rochas sedimentares, que armazenam e transmitem as águas subterrâneas por meio de fraturas. Por conta disso, o aqüífero abrange o território de vários estados e se estende além das fronteiras do Brasil.
O uso dessas águas transfronteiriças está voltado para o abastecimento público, atividades industriais, agropecuária e turismo hidrotermal. No entanto, a falta de uma legislação específica para regulamentar o uso sustentável dessas águas tem facilitado a exploração predatória do Aqüífero Guarani.
(Por Monique Maia, Agência Brasil, 17/06/2007)