Realizada de quarta a sexta-feira (15/06) passadas, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP -, a 1ª Conferência da Indústria Brasileira para o Meio Ambiente (CIBMA) reuniu um conjunto de sugestões que formarão o posicionamento da indústria brasileira sobre o meio ambiente. O documento, depois de submetido à diretoria da CNI, em encontro no próximo dia 26, será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministros, governadores e parlamentares.
Organizado pela Confederação Nacional da Indústria - CNI -, o evento contou com a presença de cerca de 350 delegados das Federações das Indústrias de todo o país que, reunidos em Grupos Temáticos, debateram e apresentaram ações do setor industrial relacionadas à biodiversidade e florestas; qualidade ambiental e mudanças climáticas; recursos hídricos; licenciamento ambiental e relações institucionais e a gestão empresarial ambiental.
Entre as sugestões a serem apresentadas, estão a participação ativa da indústria na formulação dos inventários nacional e setorial sobre a emissão de gases de efeito estufa (GEEs); ações de educação ambiental em parceria com as comunidades; o fortalecimento, a divulgação das técnicas e a capacitação em gerenciamento empresarial ambiental e apoio à cobrança pelo uso da água de forma gradual e abrangente. "Após esses dias de trabalho, fica claro que a indústria é mais responsável e comprometida com questões ambientais do que órgãos estaduais e organizações não-governamentais possam pressupor", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e do Conselho Temático de Meio Ambiente (Coema) da CNI, Robson Braga de Andrade.
Segundo ele, a ênfase da CNI e das Federações Estaduais da Indústria, após esta 1ª Conferência, será o disseminar das informações geradas no encontro para os sindicatos e indústrias locais. "O trabalho de forma efetiva nos órgãos públicos municipais e estaduais é muito importante, porque assim vamos conseguir as mudanças necessárias no governo federal".
Algumas conclusõesO grupo temático que discutiu o posicionamento do setor em questões relativas à biodiversidade e florestas concluiu que o setor industrial deve participar ativamente do processo de formação de políticas para a conservação e proteção da biodiversidade. "Nós temos que ocupar esse espaço, senão alguém ocupa", afirmou Ricardo Mastrangelli, delegado da Federação das Indústrias do Mato Grosso (FIEMT).
A divulgação das técnicas e a capacitação em gerenciamento empresarial ambiental foram as principais determinações do grupo de trabalho que discutiu este tema no evento. O trabalho, coordenado pelo gerente do Departamento do Meio Ambiente da FIESP, Nilton Fornasari Filho, alinhou propostas que deverão ser colocadas em prática até junho de 2008, relacionadas à produção mais limpa, normas de gestão, responsabilidade sócio-ambiental, comunicação, indicadores e auditoria ambientais.
Também ficou definido o estabelecimento de critérios para a contratação de assistência técnica especializada para implantação e manutenção de programas de Produção Mais Limpa (P+L) e a adoção de tecnologias limpas nas indústrias.
O Grupo de Trabalho (GT) de Recursos Hídricos elaborou um texto, apresentado na plenária de encerramento da Conferência, em que afirma: "o modelo de gestão dos recursos financeiros na instituição da cobrança pelo uso da água é importante avanço da administração pública, mas o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) ainda necessita de melhor governança, principalmente no que diz respeito ao trâmite administrativo e financeiro desses recursos".
LicenciamentoIndependentemente do evento, a CNI divulgou, na sexta-feira (15/06), os resultados da Sondagem Especial sobre Meio Ambiente, realizada entre 30 de março e 20 de abril com 818 pequenas empresas, 438 médias e 235 empresas de grande porte. O estudo constatou que a demora na análise de processos de licenciamento e os custos elevados para cumprir as obrigações exigidas são os principais fatores que dificultam a vida das empresas na hora de conseguir um licenciamento ambiental.
Entre os principais problemas que provocam a dificuldade de liberação do licenciamento ambiental, a demora na avaliação dos processos aparece em primeiro lugar e foi verificada por 66,9% das empresas. Os custos necessários para cumprir as exigências foram assinalados por 52% dos entrevistados, seguida pela dificuldade de identificar e atender critérios, assinalada por 42,6% das empresas.
De acordo com a Sondagem, 85,1% das empresas afirmaram ter se relacionado com órgãos ambientais e desse total, 68,8% apontaram ter tido problemas com estes. A pesquisa mostra ainda que, neste ano, 75,5% das empresas adotaram, no planejamento, a inclusão de procedimentos gerenciais associados à gestão ambiental. Em comparação com 2005, o índice cresceu 4,5%.
(Por Mônica Pinto, com informações da Agência CNI /
AmbienteBrasil, 18/06/2007)