O vice-líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa, deputado Elvino Bohn Gass, participou na quinta-feira (14/06) da terceira audiência pública promovida pela Fepam para discutir o zoneamento ambiental da silvicultura. O estudo elaborado pelos técnicos da Fundação, definindo critérios para o plantio de eucaliptos, foi defendido pelo petista como forma de garantir a atividade das empresas papeleiras no Estado, o crescimento econômico e a preservação ambiental.
“Todos aqui concordam que precisamos de emprego, que devemos preservar as condições de vida, da água e do solo para as gerações futuras; todos concordam aqui que a diversificação é sempre a melhor alternativa para qualquer economia. Por isso estou aqui defendendo o zoneamento. Porque entendo que se forem observados os critérios ambientais, a silvicultura será uma atividade positiva para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, disse Bohn Gass.
O parlamentar ratificou, assim, a posição adotada pela bancada no Legislativo e pela direção estadual do PT. O partido vê três desafios que os projetos de três grandes empresas de celulose – Votorantin, Stora Enso e Aracruz - trazem ao Rio Grande. O primeiro deles é encontrar o ponto de equilíbrio entre desenvolvimento e preservação. O segundo, garantir a diversificação, entrosando as novas atividades à matriz e culturas produtivas locais, como a fruticultura e ovinocultura. Por fim, fazer com que todo o ciclo da celulose se realize no Estado.
A ampliação da perspectiva de geração de empregos a partir da opção pela diversidade e não pela monocultura de eucaliptos é um aspecto inquestionável, na opinião de Bohn Gass. Assim como a necessidade de observância à legislação, uma vez que o zoneamento foi previsto já no primeiro código de meio ambiente aprovado no Rio Grande do Sul- também o primeiro no país - "O documento foi elaborado no governo Rigotto e permite o plantio em 9 milhões de hectares” – frisou. As empresas planejam plantar 1 milhão de hectares.
A audiência pública reuniu quase mil pessoas no Ginásio Desportivo de Santa Maria e expôs a organização de grupos de pressão alimentados pela Força Sindical e por empresas de florestamento. Antes das 18h, dezenas de pessoas já aguardavam a abertura dos portões do ginásio e a central sindical distribuía material em que contestava o zoneamento, camisetas e bonés. A manifestação de um grupo de estudantes - em defesa do estudo - foi abafada por uma espécie de trio elétrico da entidade. Só de São Gabriel, partiram quatro ônibus fretados pela Aracruz, conforme informou a assessoria de imprensa da Brigada Militar.
Um jovem de 20 anos que se identificou apenas como Élvio, disse que trabalha como peão de estância na zona rural de São Gabriel e que foi à audiência porque um primo que lhe informou que se ele fosse até a casa de uma tal “Dona Chica” e colocasse seu nome numa lista, só precisaria entrar no ônibus e fazer uma pequena viagem para ganhar “uns pilas”. Outros jovens que usavam camisetas e bonés da Força Sindical confirmaram que o prêmio por estar na audiência seria de 20 a 30 reais por pessoa.
(Por Denise Ritter/João Manoel Oliveira, Agência de Notícias AL-RS, 15/06/2007)