Da Mata Atlântica, que cobria 39% do território gaúcho, restam apenas 2,87%, principalmente em áreas de difícil acesso na região serrana. No Brasil, a situação ainda é pior. De acordo com a ONG S.O.S Mata Atlântica, sobrou apenas 1%. Dados como este fazem o ex-presidente da Agapan e professor de genética da Ufrgs, Flávio Lewgoy, achar otimista a previsão de fim das florestas no planeta somente em 2050. 'Espero estar enganado, mas se nada for feito para mudar essa realidade nos próximos 5 anos, corremos o risco de passar do ponto de retorno', enfatiza.
Embora a devastação da Amazônia tenha caído de 20% para 17% este ano, a redução é considerada insignificante pela vice-presidente da ONG Amigos da Terra e coordenadora do projeto Rede Mata Atlântica, Kátia Vasconcelos. 'A Amazônia é o ar condicionado do mundo, pois as florestas e as correntes marinhas regulam o clima', afirma. No entanto, a ambientalista ressalta que, enquanto as atenções se voltam para o 'pulmão do mundo', matas importantes como a Atlântica estão desaparecendo.
Para os ambientalistas, há uma combinação perigosa dos atuais padrões de produção dos gases dióxido de carbono e metano com a derrubada das florestas e a queima de combustíveis. 'Seria necessário uma revolução de costumes rápida e austera para combater essa combinação, que aumenta o efeito estufa, o nível do mar e a temperatura no Planeta', afirma Lewgoy. O homem leva um minuto para derrubar uma árvore. Se outra for plantada, levará 10 anos para chegar no mesmo ponto. 'Por isso, o plantio de árvores nativas de cada região é importante, pois a árvore capta dióxido de carbono da atmosfera e o fará enquanto estiver em pé', garante Kátia Vasconcelos.
(Por Mirella Poyastro,
CP, 17/06/2007)